Da Redação
A influenciadora Virginia Fonseca decidiu encerrar de forma definitiva sua parceria com a plataforma de apostas Esportes da Sorte, após ter seu nome envolvido nas investigações da CPI das Apostas no Senado. Para rescindir o contrato, ela pagou uma multa de R$ 30 milhões, segundo sua defesa. A ruptura ocorre pouco depois de sua participação na comissão, onde foi questionada sobre a promoção de jogos de azar nas redes sociais.
Virginia havia firmado o acordo com a empresa em dezembro de 2022, com expectativa de ganhos que poderiam chegar a R$ 64 milhões, caso metas fossem atingidas. O contrato previa um valor fixo de R$ 40 milhões e um adicional de R$ 24 milhões baseado no desempenho da plataforma — principalmente nos lucros gerados por usuários que acessassem o site por meio do link pessoal da influenciadora.
Mesmo após o rompimento, Virginia migrou rapidamente para outra plataforma de apostas, a Blaze, com a qual assinou um novo contrato avaliado em R$ 29 milhões por ano. A marca também tem como principal embaixador o jogador Neymar, cujo acordo é estimado em R$ 100 milhões anuais.
A CPI das Apostas, presidida pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), apura o envolvimento de influenciadores na promoção de plataformas de jogos online, especialmente os casos em que as celebridades lucram com as perdas dos usuários — modelo apelidado de “cláusula da desgraça alheia”. Segundo uma reportagem da revista Piauí, Virginia estaria entre os nomes que recebem um percentual dos prejuízos dos apostadores, embora ela negue essa prática.
Durante o depoimento à CPI, em maio, Virginia admitiu que as apostas exibidas em seus vídeos promocionais não eram reais. Ela explicou que utilizava contas fornecidas pelas próprias plataformas, com saldo fictício, apenas para fins de publicidade. “É tudo simulação”, disse. Segundo ela, os vídeos tinham como objetivo chamar atenção, mas sempre vinham acompanhados de alertas sobre o risco de vício e a proibição para menores de idade.
A influenciadora negou veementemente ter recebido comissões proporcionais às perdas dos usuários e afirmou que seus contratos seguiam padrões comuns do mercado publicitário. “Nunca ganhei nada além do que foi combinado no contrato”, declarou, acrescentando que cláusulas de bonificação por desempenho são práticas comuns em parcerias comerciais.
Mesmo diante das justificativas, a repercussão negativa da CPI parece ter pressionado Virginia a se desvincular da Esportes da Sorte. Em sua rede social, ela publicou uma mensagem reflexiva, sem mencionar diretamente o caso: “É sobre saber que nem tudo na vida vai ser sempre bom, mas que Deus é muito bom o tempo todo. Tenha coragem pra mais um dia.”
A CPI segue em andamento e deve convocar novos nomes do meio digital para aprofundar as investigações sobre a influência dos criadores de conteúdo no vício em apostas, apontado como um problema crescente de saúde pública.