O cartunista Jorge Braga, um dos nomes mais importantes das charges e quadrinhos no Brasil, morreu nesta terça-feira (1º/7), em Goiânia, aos 67 anos. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas de Goiás (Sindjor-GO), Cláudio Curado. A causa da morte teria sido complicações decorrentes de enfisema pulmonar.

Natural de Patos de Minas, em Minas Gerais, Braga iniciou sua trajetória artística ainda adolescente, aos 13 anos, em um jornal escolar. Na década de 1970, mudou-se para Goiânia, onde construiu uma carreira sólida em diversos veículos da imprensa local e nacional. Trabalhou em jornais como Cinco de Março, Folha de Goyaz, Opção, Diário da Manhã, O Popular e Jornal do Tocantins, esses dois últimos do Grupo Jaime Câmara. Com um traço marcante e um olhar crítico, Jorge Braga abordou por mais de 50 anos temas políticos, sociais e culturais com humor e inteligência.

Além de sua atuação na imprensa goiana, o artista também teve trabalhos publicados em veículos de grande circulação nacional, como O Globo, Jornal do Brasil, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Revista Veja e O Pasquim, além de aparecer em publicações internacionais como o The World News, de Orlando, nos Estados Unidos. Entre seus personagens mais conhecidos estão o Super Badião, inspirado em um vendedor de pequi da Praça do Bandeirante, Romãozinho, que representava seu alter ego na infância, e Perebão, um herói brasileiro que enfrentava o crime e as falhas do sistema.

Jorge Braga também teve uma atuação destacada na vida cultural goiana. Foi membro da União Brasileira de Escritores – Seção Goiás (UBE-GO) e da Associação Goiana de Imprensa (AGI), além de ser um dos idealizadores do tradicional Carnaval dos Amigos, realizado anualmente nas ruas de Goiânia durante o período pré-carnavalesco. Em 1994, foi homenageado com a criação da Gibiteca Jorge Braga, espaço voltado à leitura e preservação de histórias em quadrinhos, inaugurado inicialmente no Edifício Parthenon Center e atualmente localizado no Centro Cultural Marietta Telles Machado, na Praça Cívica. O próprio artista doou os primeiros 1.700 gibis que compõem o acervo da unidade.

A morte de Jorge Braga gerou comoção no meio cultural e político. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, destacou a importância do artista como cronista visual da história recente do Estado e do País, e reafirmou o compromisso de manter viva a memória do cartunista por meio da Gibiteca que leva seu nome. O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, também prestou homenagem, lembrando a contribuição de Braga para a imprensa e a cultura da capital goiana.

A ausência de Jorge Braga deixa uma lacuna no cenário artístico brasileiro, especialmente no campo da charge e do cartum, onde ele se destacou pela originalidade, senso crítico e profundo conhecimento da realidade brasileira.