Políticos do Partido Liberal (PL) em Goiás saíram em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro após seu depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ocorrido na última terça-feira (10). Em entrevistas concedidas à imprensa nesta quarta (11), eles afirmaram ver um ambiente de perseguição contra Bolsonaro e relativizaram algumas das declarações polêmicas feitas por ele durante o interrogatório.

O vereador de Goiânia Oséias Varão, por exemplo, tentou contextualizar a fala do ex-presidente, que se referiu a apoiadores que pediam intervenção militar como “malucos”. Segundo o parlamentar, a expressão não foi bem escolhida, mas não se tratava de um ataque aos simpatizantes, e sim de uma tentativa impulsiva de explicar a falta de informação dessas pessoas.

“Foi uma colocação emocional, mas acho que a palavra não representa bem quem estava ali. Aquelas pessoas, na maioria, estavam desinformadas, repetindo discursos confusos nas redes sociais. Não é sobre insanidade, e sim sobre ignorância política e institucional”, disse Oséias.

Durante o depoimento ao STF, Bolsonaro negou qualquer envolvimento com articulações antidemocráticas e afirmou que jamais incentivou atos como os registrados em 8 de janeiro. A fala em que cita o AI-5 e a intervenção militar teria, segundo ele, sido uma crítica a delírios presentes em parte da base mais radical.

O deputado estadual Paulo Cezar Martins (PL) também saiu em defesa do ex-presidente e minimizou o impacto da declaração polêmica. Para ele, Bolsonaro até foi comedido: “Ele podia ter usado palavras muito mais duras, mas preferiu dizer ‘malucos’. Eu diria que são irresponsáveis. Gente que invade prédio público e destrói não pode ser protegida. Quem quebrou, que responda. Quem não fez nada, não pode ser condenado por tabela”.

Martins também reforçou que, embora o episódio do 8 de janeiro tenha sido grave, os atos de vandalismo partiram de uma minoria. Segundo ele, os apoiadores do ex-presidente não devem ser colocados todos no mesmo saco. “Generalizar é injusto. Muitos ali estavam só protestando. Quem depredou patrimônio público precisa ser punido, mas não se pode criminalizar todo um grupo político por causa disso.”

Apesar do esforço de aliados, o depoimento de Bolsonaro gerou repercussão negativa nas redes sociais. Um monitoramento realizado pela plataforma Arquimedes mostrou que 65% das menções ao caso no X (antigo Twitter) foram desfavoráveis ao ex-presidente.

Ainda assim, Paulo Cezar acredita que Bolsonaro segue sendo uma figura central no campo conservador, mesmo com os desgastes: “Hoje o Brasil carece de lideranças fortes, tanto na esquerda quanto na direita. Por isso, ainda há um apego grande ao Bolsonaro. Ele não é perfeito, tem erros e acertos, como qualquer um de nós na política”.

Tanto Martins quanto Varão reiteraram que não apoiam os atos de vandalismo ocorridos na invasão às sedes dos Três Poderes. Ambos reforçaram que os principais nomes do bolsonarismo sempre condenaram a violência e que, na visão deles, os verdadeiros líderes do movimento jamais incitaram o caos.