SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O papa Francisco, 86, será submetido nesta quarta-feira (7) a uma cirurgia de emergência, com anestesia geral, no Hospital A. Gemelli, em Roma, em razão de risco de obstrução intestinal, anunciou o Vaticano. O pontífice deverá ficar internado por “vários dias” para se recuperar do pós-operatório.
Os procedimentos a serem realizados, ainda segundo o Vaticano, serão uma laparotomia, que consiste na abertura cirúrgica da cavidade abdominal, e uma operação plástica da parede abdominal, com prótese.
O anúncio acontece um dia após o pontífice ir a um hospital, também em Roma ele ficou no local por cerca de 40 minutos para uma bateria de exames, cujos detalhes não foram revelados.
De acordo com o comunicado do Vaticano, a cirurgia já estava nos planos da equipe médica e se mostrou necessária devido ao agravamento dos sintomas apresentados pelo pontífice. Francisco deve ficar vários dias internado “para permitir o normal decurso pós-operatório e a plena retomada funcional”.
“A operação, preparada nos últimos dias pela equipe médica que atende o Santo Padre, tornou-se necessária por causa de uma hérnia incisional que provoca síndromes de obstrução recorrentes, dolorosas e em vias de agravamento”, diz trecho do comunicado.
O papa chegou ao centro médico por volta das 11h30 no horário local (6h30 em Brasília). A hora marcada para o início do procedimento e sua duração não foram divulgados. Após a cirurgia, o pontífice deverá permanecer internado no 10º andar do hospital Gemelli, no mesmo quarto utilizado pelo papa João Paulo 2º, que foi operado várias vezes na unidade.
Mais cedo, pela manhã, o argentino participou da audiência semanal na praça São Pedro, no Vaticano, e não fez nenhuma menção ao procedimento cirúrgico.
Francisco, que completou dez anos de pontificado em março, tem histórico de doenças e sofre com dores persistentes no joelho, motivo pelo qual costuma usar cadeira de rodas ou uma bengala em suas aparições públicas.
O papa sofre de diverticulite, doença que pode infectar ou inflamar o cólon, e há dois anos foi operado para remover parte do intestino. Meses atrás, o pontífice disse que a condição havia retornado e estava gerando ganho de peso, mas que isso não era fonte de grande preocupação.
No mês passado, o papa precisou cancelar audiências após apresentar febre. Antes, em março, ele recebeu o diagnóstico de bronquite e ficou cinco dias internado o pontífice está mais suscetível a doenças respiratórias por ter retirado parte de um dos pulmões quando tinha por volta de 20 anos.
Em entrevista à rede Telemundo, exibida há duas semanas, o líder católico disse que a doença respiratória foi “tratada a tempo” e que, se ele tivesse esperado mais, o cenário poderia ter sido mais grave. Ao falar sobre as dores no joelho, Francisco disse que estava “muito melhor”. “Já consigo caminhar, o joelho está melhorando. Alguns dias são mais dolorosos, mas isso faz parte do desenvolvimento”, afirmou.
A hospitalização em março trouxe à tona outra vez especulações sobre uma possível renúncia do argentino por razões de saúde após o precedente histórico estabelecido por seu antecessor, Bento 16 papa emérito por quase uma década e morto no final do ano passado aos 95 anos.
Em dezembro, Francisco revelou ter assinado ainda no início de seu papado uma carta de renúncia na eventualidade de que seus problemas de saúde o impedissem de desempenhar suas funções. Ele reiterou em várias ocasiões que não descarta deixar o cargo caso os problemas se agravem embora tenha declarado em viagem à República Democrática do Congo que renúncias do tipo não devem “virar moda”.
Apesar dos problemas, Francisco mantém uma agenda cheia. O Vaticano anunciou no sábado (3) planos para que ele visite a Mongólia de 31 de agosto a 4 de setembro. Antes, ele deve visitar Portugal de 2 a 6 de agosto para participar da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, e visitar o Santuário de Fátima.