BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Dos 20 partidos hoje com representação no Congresso Nacional, apenas 5 nunca integraram o primeiro escalão de nenhum dos três governos de Lula (PT), de 2003 a 2010 e de 2023 em diante.
Rival histórico do PT e seu antagonista desde os anos 1980, o PSDB é o principal deles. Depois, vêm os centro-direitistas Podemos e Avante, o centro-esquerdista Solidariedade e o oposicionista Novo.
Dos 15 partidos restantes, os que mais tiveram ministérios nos governos Lula são o próprio partido do presidente, o PT, e o MDB (chamado PMDB até 2017). As duas siglas formaram uma parceria a partir de 2004, rompida no impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e retomada em Lula 3.
Até mesmo o PL de Jair Bolsonaro foi, lá atrás, anos antes da entrada do ex-presidente em seus quadros, integrante dos governos Lula e Dilma, tendo controlado a área de Transportes do governo federal.
Nos anos do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a sustentação de seu governo se deu principalmente pela trinca PSDB-PFL (hoje União Brasil)-MDB.
Após Lula derrotar os tucanos em 2002 e assumir o poder no ano seguinte, ele iniciou seu mandato amparado apenas no apoio do próprio partido e de outras siglas menores de esquerda, como PPS (hoje Cidadania), PSB e PDT.
Já em 2004 Lula fechou a negociação para ingresso no governo de parte do MDB, que havia sido o terceiro maior partido em número de deputados federais eleitos. Ao ser reeleito, em 2006, reforçou o papel dos emedebistas no governo, dobrando de 3 para 6 o número de ministérios da legenda. Na ocasião, os emedebistas haviam eleito a maior bancada para a Câmara.
A busca pelo MDB era uma necessidade tendo em vista que os outros dois partidos peso pesados da época, PSDB e PFL, eram essencialmente de oposição.
A relativa calmaria do segundo mandato renovou a parceria PT-MDB para o mandato seguinte, de Dilma Rousseff.
A petista teve como vice um dos principais líderes dos emedebistas, Michel Temer, além de começar o governo com seis ministros do partido.
Isso não impediu que, com a deterioração de sua relação com o Congresso e a aproximação do impeachment, os principais líderes do movimento fossem do MDB. Além do vice Temer, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que em 2015 havia vencido o candidato de Dilma para o comando da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT).
No atual governo Lula, o MDB comanda três pastas. Renan Filho é o ministro dos Transportes, área que nos dois mandatos anteriores de Lula foi do PL. Simone Tebet é a titular do planejamento, pasta que em Lula 1 e 2 sempre foi do PT. Cidades, antigo feudo do PP, está com Jader Filho.
Diferentemente dos dois primeiros governos, em que caminhou basicamente apenas ao lado de MDB e dos outros partidos menores de esquerda, no atual Lula teve que ampliar bastante o leque.
Hoje os ministros de outras legendas e sem vinculação partidária somam mais da metade dos que são filiados ao PT, 26 a 11.
Entre os aliados estão o União Brasil, que tem na sua gênese o DEM, nome pelo qual passou a ser chamado em 2007 o PFL, arquirrival do PT e com origem na Arena, o partido do regime militar (1964-1985).
Outros são o PSD de Gilberto Kassab (que surgiu de uma dissidência do DEM e de outras siglas de direita), o PP, também de origem na Arena, e o Republicanos, que é vinculado à Igreja Universal do Reino de Deus.
Já os pequenos partidos de esquerda que sempre estiveram com Lula ganharam a companhia, em 2023, da Rede de Marina Silva, e do PSOL, partido criado em 2004 a partir de uma dissidência do próprio PT.
O Brasil tem atualmente 29 partidos políticos, mas um grupo de sete legendas domina o cenário político nacional. Esse G7 concentra 80% das cadeiras do Congresso, 70% dos governos estaduais e das bilionárias verbas eleitorais, além de ser maioria também em prefeituras, Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas.
Puxam esse grupo o PL de Bolsonaro e o PT de Lula. Logo depois, vêm União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos.
O PSDB, outrora uma potência, sofreu um encolhimento nas urnas nas últimas disputas e, atualmente, negocia uma fusão ou federação com outros partidos.
Solidariedade e Novo foram criados depois de Lula 2. O principal líder do primeiro, o sindicalista e deputado federal Paulo Pereira da Silva, vive uma relação de altos e baixos com o governo. Atualmente, mais de baixos.
“Tem alguns que estão falando ‘está desembarcando’. Eu nunca embarquei”, disse recentemente Paulinho da Força, como é conhecido.
O partido apoiou a candidatura de Lula, mas depois passou a reclamar de que não recebeu espaço de participação compatível ao empenho demonstrado na campanha.
O Novo é oposição ao PT. Já o Avante (ex-PT do B) sempre transitou na esfera dos nanicos e, por isso, não atraiu o interesse dos petistas.
O Podemos (ex-PTN) da deputada federal Renata Abreu (SP), por sua vez, tem crescido, contando hoje com 15 deputados federais e 4 senadores. A sigla tem em seu quadro políticos tanto de oposição como de maior alinhamento ao governo.