PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – No primeiro dia das Duas Sessões, o encontro anual estratégico na China, o presidente e CEO da Xiaomi, Lei Jun, apresentou uma série de propostas para a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, uma espécie de Conselhão do líder Xi Jinping. As duas principais, apresentadas com destaque, são voltadas a carros autônomos e inteligência artificial (IA).
Inicialmente fabricante de eletrodomésticos, a Xiaomi é mais conhecida hoje pela produção de smartphones e agora de carros elétricos, com modelos de qualidade e custo relativamente baixo nas duas linhas. Ao lado dos CEOs de Huawei e BYD, Lei foi uma das estrelas do encontro de duas semanas atrás entre a liderança política e a iniciativa privada chinesa.
Sobre carros autônomos, o empresário, que se tornou na semana passada a pessoa mais rica da China, após um salto no valor de mercado da Xiaomi, propõe a aceleração da produção em massa dos veículos inteligentes e interconectados, como descreve.
Para tanto, defende realizar testes em larga escala, nacional, e um esforço para estabelecer “um mecanismo de reconhecimento mútuo interprovincial e integrado” ainda neste ano. Defende levar a direção autônoma às estradas de alta velocidade.
Apontou, como obstáculos aos veículos autônomos, “a falta de seguro específico, a publicidade insuficiente de segurança e as leis e regulamentação imperfeitas, que dificultam a realização de planejamento, promoção e aplicação de produtos claros”.
Sobre IA, Lei defende “acelerar o desenvolvimento da indústria de terminais de inteligência artificial”, citando smartphone, carros e casas inteligentes e robôs, “e se esforçar para liderar o mundo até 2030”. Como na direção autônoma, quer um “sistema padrão”.
Para tanto, sugere “compilar padrões, como classificação inteligente orientada para a experiência do usuário, pesquisar e formular métodos para identificar terminais de IA e fortalecer a convergência de padrões internacionais e domésticos”.
Também abrange “construir uma ecologia de colaboração de aplicativos e cooperar com fabricantes e fornecedores para acelerar especificações de interface unificadas e formatos de dados”, entre equipamentos terminais e aplicativos inteligentes.
Outras propostas vão na mesma linha de ampliar a “interconexão”, na busca de ecossistemas integrados, por exemplo, em baterias.
Lei, no encontro dos maiores empresários chineses com Xi e outros líderes, há duas semanas, foi um dos poucos convidados a falar –e posteriormente ter suas palavras ressaltadas na cobertura da mídia oficial. Já então falou em defesa da maior integração.
“Todo o ecossistema empresarial chinês é, na verdade, muito coeso”, disse então, em declaração reproduzida em mídia social pela rede CCTV. “Ao enfrentar supressão externa, podemos nos tornar mais unidos, visando aumentar a influência global dos produtos chineses.”
Citando a próxima empresa como modelo disso, afirmou que “para a Xiaomi, de um lado, nós estamos desenvolvendo a nossa própria tecnologia, e de outro estamos abertos a colaborar com todas as empresas”.