SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Comissão Europeia anunciou nesta terça-feira (4) uma nova proposta de financiamento para fortalecer as capacidades de defesa da União Europeia. A iniciativa busca ampliar os recursos disponíveis para os governos do bloco, reforçando a segurança e a cooperação no setor militar.
Os líderes europeus enfrentam pressão para elevar os investimentos em defesa, diante de um cenário geopolítico cada vez mais instável. A volta de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos acendeu um alerta no bloco, reforçando a necessidade de reduzir a dependência de Washington para garantir a própria segurança.
Na segunda-feira (3), Trump suspendeu toda a ajuda militar à Ucrânia após discussão com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na semana passada.
O plano da Comissão inclui a emissão de novos empréstimos conjuntos, totalizando 150 bilhões (R$ 912 bilhões), que serão disponibilizados aos países membros para investimentos em defesa. A medida faz parte de um esforço mais amplo de financiamento de 800 bilhões (R$ 4,8 trilhões), voltado para modernizar e expandir a infraestrutura militar europeia.
Os empréstimos conjuntos seriam destinados à construção de domínios de capacidade pan-europeus como defesa aérea, sistemas de artilharia, mísseis e munições, drones e sistemas antidrones ou para atender a outras necessidades, desde cibersegurança até mobilidade militar, disse a Comissão.
“Isto ajudará os Estados-membros a agrupar a demanda e a comprar em conjunto. Isso reduzirá custos, reduzirá a fragmentação, aumentará a interoperabilidade e fortalecerá nossa base industrial de defesa”, acrescentou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
Ela não deu um cronograma detalhado, mas disse que os gastos precisam ser aumentados “urgentemente agora, mas também ao longo de um período mais longo ao longo desta década”.
A Ucrânia disse, também nesta terça, que está conversando com seus parceiros europeus sobre a possibilidade de substituir a ajuda dos EUA. Afirmou ainda estar aberta a negociações com Washington após a suspensão da ajuda a Kiev anunciada pela Casa Branca.
O primeiro-ministro da Ucrânia, Denis Chmihal, disse que o país ainda tem meios para fornecer apoio às suas forças de linha de frente. A ajuda militar dos EUA era valiosa e salvou milhares de vidas, disse ele, e Kiev fará tudo o que puder para manter relações com Washington.
“Continuaremos a trabalhar com os EUA por meio de todos os canais disponíveis de maneira calma”, disse o premiê em entrevista coletiva. “Temos apenas um plano vencer e sobreviver. Ou vencemos, ou o plano B será escrito por outra pessoa.”
Quando questionado na segunda se o acordo estava morto, Trump disse: “Não, eu não acho”. Em uma entrevista na Fox News, o vice-presidente J. D. Vance pediu a Zelenski que o aceitasse. “Se você quer garantias reais de segurança, se você quer realmente garantir que Vladimir Putin não invada a Ucrânia novamente, a melhor garantia de segurança é dar aos americanos uma vantagem econômica no futuro da Ucrânia”, disse Vance.
Por sua vez, o Kremlin afirmou que cortar a ajuda militar à Ucrânia era o melhor passo possível em direção à paz, embora ainda esteja aguardando a confirmação da ação de Trump.
A França condenou a suspensão da ajuda americana. Suspender armas para a Ucrânia torna a paz “mais distante, porque apenas fortalece a mão do agressor no terreno, que é a Rússia”, disse o ministro adjunto francês para a Europa, Benjamin Haddad.
O Reino Unido foi mais cauteloso. Um porta-voz do governo disse que Londres permanece comprometida em garantir a paz na Ucrânia. Os líderes da UE discutirão a proposta anunciada por Von der Leyen em uma cúpula especial dedicada aos gastos com defesa na quinta-feira (6).