SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Enquanto seus líderes negociam com os Estados Unidos de Donald Trump, Rússia e Ucrânia escalaram nesta quarta (26) a guerra aérea entre os dois países, em conflito desde que Vladimir Putin invadiu o vizinho em 2022.

Os russos lançaram 177 drones contra as regiões de Kiev, Kharkiv, Kirovohrad e Sumi, mirando principalmente a infraestrutura energética. A área de Dnipopetrovsk também foi sofreu apagões. Os ucranianos disseram ter derrubado 110 aparelhos, enquanto outro 66 foram afetados por contramedidas eletrônicas.

Desde a semana passada, Putin tem aumentado a intensidade de ações com aviões-robôs, inclusive com o maior ataque da guerra até aqui com eles, no domingo (23), véspera do terceiro aniversário do conflito. Nesta quarta, houve ao menos duas pessoas mortas.

De seu lado, as forças de Volodimir Zelenski reagiram com mais força nesta madrugada, após ataques mais tímidos desde russos e americanos sentaram-se sozinhos à mesa para negociar o fim da guerra na Arábia Saudita, na terça retrasada (18).

O Ministério da Defesa russo disse ter derrubado 127 drones lançados contra o país durante a noite —o total de aparelhos nunca é divulgado. O foco foi a região de Krasnodar, no sul do país, onde Kiev mirou o porto e a refinaria de Tuapse, no mar Negro.

Segundo relatos de moradores em canais de Telegram, houve ao menos 40 explosões na região enquanto a artilharia antiaérea trabalhava. A refinaria de Tuapse é a maior do mar Negro, e já foi alvejada antes por drones. Ainda não há informação sobre danos.

O ataque obrigou o fechamento do aeroporto de Sochi, a 150 km descendo a costa, o principal da região, para evitar incidentes como a derrubada de um avião azeri, abatido no dia do Natal durante um ataque com drones pela defesa antiaérea russa em Grozni (Tchetchênia).

A troca de fogo ocorre em um momento crucial da guerra, quando ambos os lados lidam com a chegada de Donald Trump ao poder nos EUA. A Rússia está cautelosamente jubilante, dado que o americano deu um cavalo de pau na política externa do seu país para o conflito, ligou para Putin e adotou a retórica russa acerca do conflito.

Isso aconteceu há duas semanas, e desde então russos e americanos negociaram, Kiev e a Europa protestaram pela exclusão. Trump chamou Zelenski de ditador dispensável à mesa, só para forçá-lo a aceitar um acordo de exploração dos minerais estratégicos em seu subsolo.

Putin correu atrás e fez uma oferta russa no campo, ciente de que suas reservas são maiores, e ainda incluiu uma sugestão de produção conjunta de alumínio para o mercado dos EUA.

No caso ucraniano, Trump havia colocado um bode na sala, a exigência de US$ 500 bilhões em minerais como compensação pela ajuda militar até aqui e sugerindo apoio futuro, sem nunca admiti-lo. Acabou retirando essa demanda e um acordo mais genérico deverá ser assinado com Zelenski na sexta (28), em Washington.

Sobre a oferta russa, o presidente apenas disse que estava ciente e interessado. Após receber o francês Emmanuel Macron na segunda (24), Trump irá encontrar-se na quinta (27) com o premiê britânico, Keir Starmer, na continuação do esforço europeu de se manter relevante no debate.

O foco de ambas as visitas está justamente nas garantias de segurança que Kiev quer para uma trégua. Os europeus se ofereceram para integrar uma força de paz que Trump disse ser aceitável para Putin, o que o Kremlin nega por opor-se a forças da aliança militar Otan em solo ucraniano, mesmo que longe das linhas de frente.

Com seu jeito truculento de negociar, Trump quer fazer jus à promessa de desengajar-se de assuntos europeus, enquanto tira vantagens econômicas de todos os lados.