SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de roubos e de homicídios dolosos no estado de São Paulo tiveram queda em 2024 e chegaram ao menor patamar desde o início da série histórica, em 2001. Além disso, no segundo ano de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no cargo de governador as mortes provocadas pela polícia chegaram ao maior patamar desde 2020.

Os números de latrocínio (roubo seguido de morte) ficaram praticamente estáveis no estado, mas cresceram na capital.

Registros de estupro tiveram novo recorde, com 14.579 casos em 2024, ante 14.514 em 2023, até então o maior número desde 2018, quando o crime passou a ser investigado independentemente da vontade da vítima -a chamada ação pública incondicional.

Policiais civis e militares mataram um total de 814 pessoas ao longo do ano, um aumento de 63% em relação a 2023 -que já teve aumento de letalidade em relação ao último ano do governo anterior. O número é o mesmo do ano de 2020. As ocorrências incluem tanto situações em que os agentes estavam em serviço quanto de folga.

Ao longo do ano, 23 policiais militares e quatro policiais civis foram mortos, tanto em serviço quanto durante folgas.

Houve um total de 193.658 registros de roubo em todo o estado, queda de 15% em relação ao ano retrasado e menor número desde o início da série histórica. Na capital, foram 115.172 roubos registrados, uma queda de 13%. É o melhor resultado na cidade de São Paulo desde 2012.

No entanto, as vítimas de latrocínio no estado foram 170 em 2024, ante 167 em 2023. A capital puxou esse aumento, pois teve dez casos a mais: foram 53 mortes contra 43 no ano anterior. Esse crime já havia superado a marca de 2023 na soma de janeiro a novembro de 2024 na cidade de São Paulo.

Foi o caso do missionário Anderson Felipe da Silva, 28, morto no dia 22 de dezembro. Ele chegava a uma igreja na estrada do Alvarenga, no bairro Pedreira, na zona sul, quando foi abordado por um grupo que queria sua moto, uma Royal Enfield Interceptor 650, comprada há um mês.

Os criminosos, que estavam também em uma moto, fugiram com o veículo do missionário. Silva atuava como gerente de marketing.

Até hoje a motocicleta do missionário não foi encontrada pela polícia. A burocracia também impede que a família receba o valor do seguro, que só pode ser feito após inventário.

“Além do luto e da tristeza de perder alguém tão bom, tão jovem, sensação de impunidade, o local tinha várias câmeras, mas ninguém foi preso, e a polícia não entrou em contato conosco em nenhum momento para falar sobre a investigação”, disse o personal trainer Danilo Pontes, 29, primo de Silva.

“Acho que poderíamos ser informados sobre o andamento do caso sem ter que ficar indo atrás.”

Na capital, apesar do alívio nas estatísticas gerais de roubos e furtos, algumas regiões da cidade já haviam registrado piora na soma de janeiro a novembro de 2024 em relação a 2023. Os dados de dezembro do ano passado ainda não estão disponíveis.

Áreas como Itaquera, Belém e Alto da Mooca haviam tido alta de roubos, enquanto os furtos já eram maiores na parcial de 2024 em Monções, Vila Santa Maria, Vila Brasilândia e Campo Limpo, entre outros.

Em todo o estado, houve 2.630 vítimas de homicídio no ano passado, o menor número registrado desde o início da série histórica, em 2001. A queda na comparação com 2023 foi de 3,5%.

A cidade de São Paulo teve 498 vítimas de homicídio em 2024, uma queda de 3,5% ante o ano anterior e também o menor número desde 2001. Em 2023, o número de vítimas foi de 516. A informação foi antecipada pelo Painel da Folha de S.Paulo.

A taxa de homicídios por 100 mil habitantes foi de 5,9 no estado. Na capital, o índice ficou em 4,36 homicídios por 100 mil habitantes. Nos dois casos, são as taxas mais baixas desde 2001.

Embora tenham caído no estado como um todo, os homicídios aumentaram em cinco regiões do interior de São Paulo. Isso ocorreu nas regiões de Araçatuba (onde o número de vítimas subiu de 77 para 83), Bauru (de 102 para 112), Piracicaba (de 234 para 241), Presidente Prudente (de 73 para 74) e Sorocaba (de 180 para 190).

Essas estatísticas correspondem à soma de assassinatos nas próprias cidades e nos municípios de seu entorno, conforme a organização dos Departamentos de Polícia Judiciária do Interior (Deinter).

Sobre a queda nos número de roubos e de homicídios dolosos, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou tratar-se do “resultado do fortalecimento das ações de policiamento e da integração das forças de segurança, com uso de inteligência, tecnologia e a ampliação do efetivo policial, com o incremento de mais de 9 mil novos policiais”.

“Essas ações visam também a redução dos latrocínios. Os dados desse crime são permanentemente monitorados pela Pasta, por meio do programa SP Vida, para embasar e reorientar as estratégias de mitigação e combate a essa prática criminosa”, acrescentou.

Sobre as mortes por policias, a pasta disse que “as forças policiais não compactuam com desvios de condutas e punem exemplarmente aqueles que desobedecem aos protocolos estabelecidos pelas instituições”.