RICARDO DELLA COLETTA
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – Os governos dos Estados Unidos e da Argentina estão organizando uma reunião na Organização das Nações Unidas, em paralelo à Assembleia-Geral da entidade, em Nova York, para discutir a situação na Venezuela. A iniciativa marca distância da ação diplomática do Brasil para a crise e mostra como os países das Américas não conseguem articular uma resposta coordenada à deriva autoritária do chavismo desde as eleições de 28 de julho.
O chanceler do governo Lula (PT), Mauro Vieira, foi convidado, mas auxiliares que acompanham o tema dizem que ele não deve participar. Tampouco está prevista a presença de qualquer outro representante brasileiro.
O objetivo do encontro, marcado para a próxima quinta-feira (26), é que ministros das Relações Exteriores de diferentes países discutam temas relacionados à crise venezuelana, entre eles a participação da ditadura chavista em fóruns internacionais. O regime de Nicolás Maduro não tem representação na Organização dos Estados Americanos (OEA), por exemplo, mas atua no sistema ONU.
Outro tema na agenda são violações às convenções sobre asilo diplomático, numa referência à embaixada da Argentina em Caracas. O edifício ficou sob proteção diplomática do Brasil desde 5 de agosto, quando a ditadura chavista expulsou diplomatas argentinos do país. No início de setembro, o regime anunciou que havia revogado a custódia do Brasil, num episódio considerado determinante para a decisão de Edmundo González, candidato das forças opositoras no pleito, de pedir asilo na Espanha.
O Brasil, por sua vez, afirma que permanece responsável pelo edifício, à espera de que outro país assuma essas funções. Seis assessores da oposição estão refugiados na embaixada argentina.
A situação na Venezuela se agravou depois do pleito de julho. Maduro foi declarado vencedor pelo órgão eleitoral controlado pelo chavismo, mas o resultado foi prontamente questionado por governos da região.
A organização de um evento conjunto entre Washington e Buenos Aires é mais uma iniciativa que tenta aglutinar países da região em resposta à crise venezuelana.
O ultraliberal Javier Milei é um dos críticos mais duros de Maduro e o acusou de fraudar o pleito. No mais recente choque, a Procuradoria da Venezuela anunciou que pediria um mandado de prisão contra o presidente argentino.
O encontro do dia 26 em Nova York marca ainda distância da ação diplomática que o governo Lula vinha tentando articular, até o momento sem sucesso. Num primeiro momento, Lula costurou conjuntamente uma resposta com os esquerdistas Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México).
Basicamente, os três países vinham pressionando pela divulgação de atas eleitorais que comprovariam o resultado anunciado –o que nunca ocorreu. O México abandonou a articulação poucas semanas depois, e Brasil e Colômbia seguiram publicando notas sobre acontecimentos na Venezuela. Mesmo a ação da dupla, no entanto, esfriou na medida em que Maduro não env