SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A soma e o diálogo entre diferentes abordagens artísticas definiu a trajetória do artista pernambucano Montez Magno, que morreu, aos 89, no ano passado, e cuja obra entre a pintura, a escultura, a escrita e a ilustração estão em relevo na exposição “Entre Morandi, Nordeste e Tantra”, em cartaz até sábado nas duas sedes da galeria Galatea, em São Paulo.

No espaço da rua Oscar Freire, na zona oeste da cidade, se concentram telas de grandes dimensões e impacto visual, pouco exploradas em exposições recentes, fixadas em estruturas que se inspiram nas criações dos arquitetos e designers italianos Franco Albini, Carlo Scarpa e Lina Bo Bardi.

Já perto dali, na rua Padre João Manuel, estão 30 obras -como três pinturas abstratas do seu estudo em diálogo com o italiano Giorgio Morandi, a série “Teares de Timbaúba”, além de uma seleção de suas investigações cartográficas numa montagem que ressalta a arquitetura brutalista do espaço.

“A polifonia de Montez Magno é o que define a presença das obras escolhidas para esta mostra”, diz Tomás Toledo, sócio da galeria. “O título remete à tríade dos territórios que norteiam o olhar artístico de Magno, sintetizando sua proposta de não ter uma linha reta de trabalho, e sim mais rizomática.”

Nas conversas com a vanguarda por meio de Morandi, vemos uma provocação de Magno, que unia brasilidades para suas obras com traços europeus. “As paletas se conectam com as formas, e cada detalhe e traço das obras são feitas com muito sentimento e muita cor”, afirma o curador.

Já o interesse pelo Nordeste parte da sua biografia, como nas “Barracas do Nordeste” ou nas “Portas de Taguatinga”, que remetem às geometrias das feiras e à arquitetura da sua cidade natal, Timbaúba. “É tudo memória do próprio artista”, afirma Toledo. As barracas, em particular, na entrada da sede da Oscar Freire, trazem uma sequência de cores em nada aleatória, que evoca, com nostalgia, o vivo comércio local.

Dessa tradição ainda há um conjunto de trabalhos que destaca a mistura de elementos como folhas, tecidos, madeiras e giz.

Por fim, há pinturas que investigam a filosofia tântrica, ligada às tradições esotéricas do hinduísmo e do budismo, por meio de símbolos. “O artista ilustra a sua impressão do que é o tantra em formas geométricas o seu sentimento sobre essa filosofia”.

“Ele não era só ácido, mas irônico e assertivo, sabendo transitar com estratégia entre o eurocentrismo e a exaltação da cultura nordestina”, diz Toledo. Não é à toa que “Reductio”, de 1972, mostra, em mapas estilizados, o Brasil e Pernambuco como o centro de todo o planeta.

MONTEZ MAGNO: ENTRE MORANDI, NORDESTE E TANTRA

Quando Ter. a qui., das 10h às 19h. Sex., das 10 às 18h. Sáb., das 11h às 17h. Até sáb. (21)

Onde Galeria Galatea – r. Oscar Freire, 379, e r. Pe. João Manuel, 808, São Paulo

Preço Grátis