BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que três suspeitos de iniciarem os incêndios no Parque Nacional de Brasília foram identificados pela Polícia Civil nesta segunda-feira (16). Segundo ele, o caso foi enviado à Justiça do DF.

Ibaneis disse ainda que a hipótese inicial é de grilagem de terras. “Esta é uma prática que vem de muitos anos. Eles queimam para invadir a terra, assim como no 26 de Setembro”, disse, em referência ao assentamento localizado próximo à Flona (Floresta Nacional).

O incêndio no Parque Nacional de Brasília diminuiu de intensidade nesta terça (17), após três dias, e passou para o subterrâneo. No mesmo dia, teve início uma queimada na Reserva Biológica da Contagem. Bombeiros e brigadistas conseguiram controlar as chamas no fim da tarde.

Apesar da suspeita de ação criminosa, o governador disse que há, na capital, um “agente climático diferenciado”. “Esta é a maior seca dos últimos 40 anos. A última deste tamanho foi em 1963”, afirmou.

O fogo do parque começou próximo à Granja do Torto, região onde fica uma das residências oficiais da Presidência da República, e rapidamente se alastrou.

Dados da Polícia Civil do DF apontam que, entre julho e setembro de 2024, os registros de incêndios em vegetação aumentaram 85% em relação ao mesmo período de 2023. Foram 24 casos neste ano, contra 13 em igual período de 2023.

A polícia local criou uma força-tarefa para apurar a origem do fogo. O secretário de Segurança, Sandro Avelar, diz manter contato com a Polícia Federal, que tem um inquérito aberto para investigar os responsáveis pelas queimadas.

A capital federal estava desde a madrugada de segunda (16) sob a fumaça dos incêndios, que tiveram início no domingo (15). Pessoas deixaram suas casas, e aulas foram suspensas em razão do ar poluído. Há também aumento da busca por postos de saúde por questões respiratórias.

A professora da UnB (Universidade de Brasília) Danusa Marques conta que saiu de casa às 3h30 para procurar um hotel onde pudesse dormir. Ela, o marido e a cachorra do casal acordaram na madrugada com tosse e desconforto com a fumaça. Eles moram na Colina, na Asa Norte, área com prédios funcionais para docentes da instituição.

“Não consegui dormir pela segunda noite seguida. Estava sufocando, porque nossas janelas têm muitas frestas. Não dá para vedar, e a fumaça entrou, mesmo com tudo fechado”, disse a professora.

Eles foram para um hotel em Sobradinho (DF). “A Asa Norte estava toda coberta, parecendo jogo de terror de videogame”, disse.

A UnB suspendeu as atividades presenciais pelo segundo dia. Um ato da instituição interrompeu o expediente “considerando as condições climáticas adversas e a baixa qualidade do ar, decorrentes das queimadas, que afetam a saúde e segurança da comunidade acadêmica e administrativa”.

O campus Darcy Ribeiro, onde está a maior parte dos cursos e a administração da universidade, fica na Asa Norte. A Biblioteca Central também está fechada, segundo nota, “tendo em vista a grande quantidade de fumaça, inclusive dentro do prédio da biblioteca”.

A UnB também pediu que os dirigentes dos departamentos orientem professores, alunos e servidores a “procurar abrigo em locais seguros, distantes das áreas afetadas pelas queimadas”.

O Governo do DF também autorizou a suspensão de aulas em áreas próximas às queimadas. A Secretaria de Educação listou 29 escolas que podem paralisar as atividades, boa parte delas na Asa Norte. Há, ainda, unidades no Cruzeiro, Varjão e Granja do Torto, todas na área norte do DF.

Segundo Ibaneis Rocha, 28 escolas suspenderam as aulas na segunda e, nesta terça, 23. A interrupção deve seguir até sexta (20), e a situação será reavaliada no fim de semana.

O governador convocou todos os bombeiros do DF para o enfrentamento às queimadas. De acordo com ele, 1.500 agentes trabalham em esquema de revezamento.