VICTÓRIA CÓCOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O candidato José Luiz Datena (PSDB) divulgou nota na manhã desta segunda-feira (16) sobre o episódio em que agrediu fisicamente o candidato Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada em meio ao debate na TV Cultura, na noite anterior.
O texto diz que, até este domingo (15), o apresentador nunca havia defendido o uso da violência para resolver conflitos. Datena descartou a possibilidade de desistir da corrida pela Prefeitura de São Paulo.
“Errei, mas de forma alguma me arrependo”, declarou. “Preferia, sinceramente, que o episódio não tivesse ocorrido. Mas, fossem as mesmas as circunstâncias, não deixaria de repetir o gesto, resposta extrema a um histórico de agressões perpetradas a mim e a muitos outros por meu adversário.”
Junto com a nota, a assessoria de imprensa do candidato divulgou o print de uma conversa anterior em que Marçal pede desculpas pelos ataques feito ao apresentador durante a campanha. “Oi, Datena. Me perdoe pelas palavras pesadas contra você […]. Tenho sentido que somos animais num zoológico e todos querem ver agressões gratuitas”, disse Marçal, segundo o print.
A afirmação de Datena de que não se arrepende da agressão a Marçal destoa de sua postura no domingo, logo após o episódio, quando ele disse que não deveria ter agido daquela forma. “Infelizmente, eu perdi a cabeça. Não devia ter perdido? Acredito que não, poderia ter simplesmente saído e ido embora para casa, teria sido melhor.”
Ele já havia dado declarações contraditórias antes do debate sobre a possibilidade de agredir Marçal. Ao comentar o fato de ter chorado em sabatina Folha/UOL, disse “eu choro, sorrio, se precisar dar porrada, dou porrada”.
Mas também afirmou preferir sua versão mais “light e humana” e prometeu não reagir a provocações de Marçal durante o debate. “Você acha que vou bater nele ou apanhar? Isso aqui não é briga. Minha resposta vai ser o silêncio.”
A cadeirada no debate aconteceu depois de uma sequência de discussões. O candidato do PRTB provocou o apresentador nos blocos anteriores ao resgatar uma denúncia de assédio sexual contra Datena e chegou o chamá-lo de “jack”, termo usado nos presídios para identificar acusados de estupro.
Datena rebateu dizendo que o caso nunca foi confirmado pela polícia e acabou sendo arquivado pela Justiça. Ainda afirmou que o fato atingiu sua família e levou à morte de sua sogra, que teve três AVCs (Acidente Vascular Cerebral).
O caso citado por Marçal ocorreu em 2019, quando Bruna Drews, então repórter do programa Brasil Urgente, apresentado por Datena na Band, disse ter sido assediada pelo tucano. A jornalista afirmou, na época, que o apresentador frequentemente fazia comentários sobre seu corpo, em tom sexual.
Após a repercussão do caso, ela se retratou e protocolou uma declaração em cartório em que afirma ter mentido. Dias depois, afirmou nas redes ter sido induzida a se retratar.
Datena foi expulso do debate, que foi interrompido imediatamente e voltou ao ar com os outros quatro participantes. Marçal saiu do teatro para um hospital para receber atendimento médico.
Nesta segunda-feira (16), Datena cancelou uma entrevista e manteve a agenda de campanha no bairro de Santana, na zona norte, onde visitará comerciantes.
Veja a íntegra da nota de Datena.
“Não defendo o uso da violência para resolver um conflito. Essa é a regra e sempre a respeitei nos meus 67 anos de vida. Até o dia de ontem. Porque torna-se difícil obedecê-la quando os limites de civilidade são rompidos e corrompidos por um oponente. Infelizmente, foi o que aconteceu na noite deste domingo durante debate promovido pela TV Cultura. Pablo Marçal demonstrou, em todas as situações a que teve oportunidade, sua falta de caráter. Demonstrou, ainda, que é uma ameaça à cidade de São Paulo. Será detido no voto. Mas, a despeito disso, precisava também ser contido com atos. Foi o que eu fiz.
Eu sou um cara de verdade e, com um gesto extremo, porém humano, expressei minha real indignação por ter, de forma reiterada, sido agredido verbal e moralmente por um adversário que, como todos têm podido constatar, afronta a todos com desrespeito e ultraje, ao arrepio da ética e da civilidade. As acusações que Marçal me fez diante de milhões de pessoas são graves. E absolutamente falsas.
Usando linguagem de marginais, algo que lhe é tão peculiar, feriu minha honra e maculou minha família, já machucada pela perda de um ente querido em decorrência do mesmo episódio agora novamente imputado a mim de forma vil pelo meu adversário.
Errei, mas de forma alguma me arrependo. Preferia, sinceramente, que o episódio não tivesse ocorrido. Mas, fossem as mesmas as circunstâncias, não deixaria de repetir o gesto, resposta extrema a um histórico de agressões perpetradas a mim e a muitos outros por meu adversário.
Espero, com minha atitude, ter mostrado, de uma vez por todas, o risco que a candidatura de Pablo Marçal representa para a integridade das pessoas, para a nossa democracia e para a sobrevivência de milhões de cidadãos que dependem da atuação da prefeitura de São Paulo para ter uma vida menos indigna.
Espero, também, ter lavado a alma de milhões de pessoas que não aguentavam mais ver a cidade tratada com tanto desprezo e desamor por alguém que se propõe a governá-la, mas que quer mesmo é saqueá-la, de braços dados com o crime organizado. Continuarei a disputa pela prefeitura de São Paulo para realizar meu sonho de fazer de São Paulo uma cidade melhor, que ofereça uma vida digna aos que mais precisam. E também para defender a nossa democracia ameaçada por figuras como Pablo Marçal que querem o obscurantismo e não o bem da cidade e de sua p