Uma projeção independente baseada em amostragem de votos aponta o opositor Edmundo González com 66,7% nas eleições presidenciais da Venezuela, realizadas no domingo (28), contra 30,7% do atual presidente Nicolás Maduro. A pesquisa, liderada por pesquisadores brasileiros, foi divulgada após o anúncio dos resultados oficiais pelo órgão eleitoral, que declarou vitória de Maduro com 51,2% dos votos, enquanto González obteve 44,2%. A oposição acusou o governo de fraude eleitoral.

O levantamento foi liderado por Dalson Figueiredo, professor associado de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Raphael Nishimura, do Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan. A pesquisa foi encomendada por uma ONG venezuelana, cujo nome não foi divulgado por motivos de segurança. O financiamento veio de uma fundação europeia de origem sueca, também não identificada publicamente.

Os pesquisadores utilizaram dados de quatro eleições anteriores na Venezuela para selecionar uma amostra equilibrada de 1.500 mesas de votação, representando diferentes tendências políticas. Das 1.500 mesas, 700 atas foram obtidas e analisadas no domingo, uma quantidade considerada suficiente para extrapolar os resultados.

De acordo com a projeção, Edmundo González lidera com 66,7% dos votos, mesmo em áreas tradicionalmente favoráveis ao regime chavista. As autoridades eleitorais venezuelanas ainda não divulgaram todas as atas eleitorais online, o que tem gerado pressão de países como o Brasil para maior transparência.

O processo eleitoral na Venezuela tem sido marcado por controvérsias. A pesquisa baseou-se em dados das eleições presidenciais de 2013, legislativas de 2015 e 2020, e regionais de 2021. A coalizão opositora afirmou que o regime impediu a divulgação de mais da metade das atas eleitorais.

Os pesquisadores brasileiros afirmam que, mesmo com a atualização dos dados, a vantagem de Edmundo González permanecerá majoritária.