A Polícia Federal encontrou uma mensagem do ex-diretor-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, com questionamentos sobre as urnas eletrônicas. Segundo fontes ligadas à investigação sobre a chamada “Abin Paralela”, o texto orientava como o governo Bolsonaro poderia fazer ataques ao sistema eleitoral. A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pela CNN.
Os dados estavam armazenados no e-mail de Ramagem. Ainda não se sabe se o conteúdo chegou a ser enviado a algum destinatário. Nos arquivos também constam críticas à postura de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa das urnas eletrônicas.
Na última quinta-feira (25), a CNN antecipou que a Polícia Federal havia encontrado novas evidências que podem justificar pedidos de prisão preventiva. Os dados foram obtidos em aparelhos eletrônicos do hoje deputado federal Ramagem. Os agentes avaliam se os elementos justificam a inclusão de Ramagem em investigações em curso sobre ataques às urnas eletrônicas.
A Polícia Federal planeja novas operações nas próximas semanas, em decorrência dos desdobramentos da “Abin Paralela”. A expectativa inicial era de que o relatório fosse concluído em agosto, mas novos dados obtidos por meio de mandados de busca e apreensão adiaram a conclusão da investigação.
Para os agentes policiais, o depoimento de mais de seis horas de Ramagem não foi satisfatório. Na última fase da operação, realizada neste mês, foram presos Mateus de Carvalho Sposito, ex-funcionário da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, o empresário Richards Dyer Pozzer, o influenciador Rogério Beraldo de Almeida, o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e o militar do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues.
A Polícia Federal pretende ouvir novamente os cinco presos, já que Ramagem citou Bormevet e Giancarlo como responsáveis pelas atividades clandestinas. Há expectativa de um acordo de delação premiada com Bormevet e Giancarlo, embora suas defesas neguem essa possibilidade.
A CNN informou que a Polícia Federal espera um indiciamento do vereador Carlos Bolsonaro e de Ramagem, que é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro. A CNN tenta contato com Ramagem e Bolsonaro, mas ainda não obteve retorno.
