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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Corinthians anunciou, na tarde de terça-feira (2), a demissão de António Oliveira. O português de 41 anos não resistiu ao pior início do clube na história do Campeonato Brasileiro e foi dispensado em reunião realizada com Fabinho Soldado, executivo de futebol alvinegro.
O profissional deixa o time na 19ª e penúltima colocação da competição nacional, com apenas nove pontos conquistados e uma vitória, sobre o lanterna em 13 rodadas. Jamais a agremiação preta e branca começou tão mal o torneio, nem mesmo quando foi rebaixada, em 2007.
O resultado que foi considerado a gota dágua foi a derrota por 2 a 0 para o arquirrival Palmeiras, na segunda (1º), no Allianz Parque. Mesmo esfacelado por desfalques, o time alviverde demonstrou sua superioridade de maneira clara embora a arbitragem, é verdade, tenha sido questionada.
Também foram demitidos os auxiliares que chegaram com Oliveira: Bernardo Franco, Bruno Lazaroni, Diego Favarin e Felipe Zilio. O treinamento programado para a tarde de terça será conduzido por Raphael Laruccia, técnico da equipe sub-20 do Corinthians.
A situação não foi ignorada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), notório corintiano, que procurou tratá-la com bom humor. “Quando eu quero ver o Corinthians bem, viro a tabela de cabeça para baixo”, brincou.
António Oliveira vinha cobrando reforços e apontando que a situação política do Corinthians não ajuda. O clube vive um turbilhão interno, com denúncias de corrupção que fizeram o maior patrocinador rescindir unilateralmente o contrato.
No total, foram 29 jogos, com 13 vitórias, nove empates e sete derrotas, um aproveitamento de 55,1%. Em todo o ano, no entanto, a formação alvinegra só venceu um adversário da Série A nacional, um 3 a 0 sobre o Fluminense, então dirigido por Fernando Diniz, outro demitido.
O português vinha cobrando reforços e apontando que a situação política do Corinthians não ajuda. O clube vive um turbilhão interno, com denúncias de corrupção que fizeram o maior patrocinador rescindir unilateralmente o contrato.
Enquanto opositores se movimentam pelo impeachment do presidente Augusto Melo e o pressionam por uma renúncia, a diretoria encontra enorme dificuldade para honrar compromissos. Até os funcionários da sede social tiveram salários atrasados, o que é altamente incomum.
O que não é tão incomum é o atraso no salário de jogadores, que já se tornou praxe. Com problemas sérios de fluxo de caixa, a agremiação também tem atrasado parcelas da compra de atletas que chegaram, como Félix Torres e Rodrigo Garro.
Esse cenário, evidentemente, não é o ideal para o trabalho de um treinador. Isso foi levado em conta até certo ponto, mas o aproveitamento pífio de 23,1% no Brasileiro e a sensação de que o time não demonstrava sinais de evolução tática acabaram por definir a demissão.
“Hoje, vivemos um momento desafiador em todos os prismas do clube, vai demorar para atingir a normalidade”, afirmou Oliveira, logo após a derrota para o Palmeiras, na véspera de sua dispensa, quando ainda acreditava: “Somos as pessoas certas para dar a volta à glória ao clube”.
O próprio António observou, porém, que “o resultado é o que guia”. De acordo com o treinador, a equipe estava “a uma vitória de recuperar a confiança e ir embora”. Se ele tinha razão, essa vitória não será sob seu comando.
Os dirigentes alvinegros não definiram o nome de um substituto, embora gostem de Fábio Carille, que hoje é técnico do Santos, mas balança no cargo. Ele comandou o Corinthians na conquista do Campeonato Brasileiro de 2017 e em um tri do Campeonato Paulista, em 2017, 2018 e 2019.
Augusto Melo tem uma boa relação com o presidente do Santos, Marcelo Teixeira, e pretende conversar com ele antes de avançar na tentativa. Há pressa, porém, com mais um jogo do Brasileiro marcado para quinta-feira (4), contra o Vitória, no estádio de Itaquera.