SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ativista Maria da Penha ganhou proteção das forças de segurança após receber nas redes sociais uma série de ataques e ameaças promovidos por perfis que disseminam o ódio às mulheres.

Em nota, o Governo do Ceará afirmou, nesta sexta-feira (7), que Maria da Penha Maia Fernandes foi incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

“O programa consiste em um conjunto de medidas protetivas e atendimento jurídico e psicossocial aos defensores e defensoras dos Direitos Humanos em situação de risco ou que sofreram violação de direitos em razão de sua atuação”, diz a nota.

Maria da Penha é natural de Fortaleza e formou-se na Faculdade de Farmácia e Bioquímica da UFC (Universidade Federal do Ceará), em 1966.

Elmano de Freitas (PT), governador cearense, também se manifestou pelas redes sociais e disse que conversou sobre as ações de proteção com Cida Gonçalves, ministra das Mulheres.

“Manifesto todo o meu apoio a essa grande mulher [Maria da Penha]”, escreveu o governador.

O Ministério das Mulheres afirmou, em nota, que Cida esteve “com o governador na segunda (3) para falar sobre a violência sofrida por Maria da Penha 18 anos após a sanção da lei que leva o seu nome, e o estado se prontificou a apoiar”.

Natural de Fortaleza, Maria da Penha ficou paraplégica após receber um tiro na coluna em 1983. Ela foi alvo de uma tentativa de feminicídio pelo pai de suas duas filhas -na ocasião, feminicídio não era tipificado como crime.

Ainda de acordo com o Ministério das Mulheres, na conversa entre a ministra e o governador ficou definido que a residência onde Maria da Penha viveu e sofreu violência doméstica será transformada em um memorial, um desejo da própria ativista. A informação de que a casa passa a ser patrimônio histórico do estado foi publicada no Diário Oficial do dia 3.

“Será construído um memorial na casa onde aconteceu o crime contra Maria da Penha. O objetivo é evidenciar ainda mais a importância de fortalecer ações e políticas de combate à violência contra a mulher”, escreveu Elmano de Freitas nas redes sociais.

De acordo com o governo federal, fake news de que Maria da Penha teria sofrido um assalto, e não sido vítima de tentativas de assassinato pelo então marido, voltaram a circular recentemente.

“É inaceitável que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos após ter emprestado seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres”, disse Cida Gonçalves ao portal do Ministério das Mulheres.