SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O secretário-executivo de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, Gilberto Natalini, vai deixar a pasta quatro meses após assumir o cargo. Ele foi escolhido pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) em julho do ano passado, depois da saída de Antonio Fernando Pinheiro Pedro.

O antigo secretário-executivo foi exonerado após dizer que o planeta “se salva sozinho” do aquecimento global e criticar o consenso científico em torno do tema.

Segundo Natalini, a decisão foi motivada por uma questão pessoal, acertada com Nunes, que aceitou o pedido. Ele afirmou à reportagem que sai tranquilo e que fez o que podia à frente da pasta, ligada à Secretaria de Governo Municipal.

Ele, que é formado em medicina, diz que aceitou uma oportunidade de trabalho que lida com sustentabilidade e atenção à saúde. “É o que sempre gostei de fazer, ligação entre meio ambiente saudável e saúde humana.”

As conversas para a saída, segundo Natalini, vinham acontecendo há alguns dias e chegaram a uma conclusão nesta quinta-feira (4). “É uma decisão absolutamente pessoal e com cunho profissional.”

Embora “chateado”, o prefeito teria concordado com o pedido pela boa relação entre os dois, segundo o ex-vereador.

Na Câmara Municipal por cinco mandatos e ex-secretário municipal do Verde, Natalini é uma liderança historicamente respeitada entre ambientalistas.

O atual secretário-executivo não comentou nomes para a sucessão e disse que a prerrogativa é do prefeito.

A reportagem apurou que um dos nomes sondados para o cargo é o do ex-secretário estadual de Educação José Renato Nalini, que também já presidiu o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Procurada, a prefeitura não respondeu até o momento.

Para Natalini, o predecessor, Pinheiro Pedro, se esforçou para fazer as coisas caminharem na secretaria-executiva. Ele também elogiou a equipe, “pequena, mas muito aguerrida.”

“Temos 18 funcionários, para você ter uma ideia, e um orçamento praticamente inexistente. É uma secretaria-executiva da Secretaria de Governo. Mas sempre tivemos apoio do secretário Edson Aparecido. O apoio que pedimos nunca foi negado.”

Em um breve balanço, o ex-vereador destacou como conquistas a compra de ônibus elétricos para frota municipal, o encaminhamento de um decreto que obriga veículos próprios e terceirizados da prefeitura a usarem apenas etanol como combustível e a compra de energia elétrica para a administração municipal no mercado eólico e fotovoltaico, que ainda não teve licitação aberta.

Apesar de ser uma “secretaria meio”, de acordo com Natalini, a pasta teve e terá condições de monitorar o cumprimento do PlanClima SP, documento que define ações para neutralizar a emissão de gases estufa em São Paulo.

Ele ainda diz que sua gestão acelerou as ações da Operação Integrada Defesa das Águas, que tem o dever de fiscalizar e proteger áreas consideradas estratégicas para a segurança do abastecimento hídrico em São Paulo, em conjunto com a Polícia Militar, a Guarda Civil Metropolitana e a pasta municipal de subprefeituras.

“De 2021 até julho de 2023, a operação realizou 60 ações de proteção nas áreas de manancial, não foram poucas. Nesses quatro meses que estamos ali, foram 30. Foi intensificado o número de ações de proteção”, conta Natalini.

Outro ponto coordenado pela pasta foi o trabalho de prevenção e atendimento previsto no Plano Preventivo de Chuva de Verão. “Em outubro de 2023, choveu o dobro, em volume e intensidade, do que choveu em outubro de 2022, e praticamente não tivemos fenômenos de desastres, cheias e enchentes. Significa que o plano está funcionando.”