ISABELA PALHARES E CLAUDINEI QUEIROZ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil tem enfrentado dificuldade para garantir o aprendizado adequado dos estudantes em matemática nos últimos 20 anos. O resultado do Pisa 2022, divulgado nesta terça-feira (5), mostrou que o desempenho do país na disciplina teve queda.
Mas o fraco aproveitamento na prova também é verificado em leitura e em ciências, nas quais os estudantes brasileiros também tiveram desempenho abaixo do que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) considera o básico, com nota 2 a máxima é 6. Para a entidade, esses jovens não alcançam um nível de proficiência adequado para “participar plenamente da sociedade”.
Segundo a avaliação, o país tem 73% dos estudantes com desempenho abaixo do considerado básico em matemática. No nível mínimo, eles conseguem apenas resolver questões envolvendo situações cotidianas mais simples e quando todas as informações são apresentadas de forma explícita. Eles também fazem cálculos com números inteiros e seguem instruções desde que elas estejam apresentadas em textos curtos e simples.
Em leitura, 50% dos adolescentes brasileiros de 15 anos ficaram até o nível 2, no qual eles conseguem apenas identificar a ideia principal em um texto de tamanho moderado e refletir sobre o propósito e a forma de textos quando as informações estão explícitas.
No caso de ciências, 55% estão nesse nível e conseguem reconhecer a explicação correta para fenômenos científicos familiares e usar esse conhecimento para identificar, em casos simples, se uma conclusão é válida com base nos dados fornecidos.
No entanto, há muito a aprender para subir no ranking. Veja a seguir.
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MATEMÁTICA
73% dos alunos brasileiros de 15 anos não sabem:
– resolver problemas com porcentagem, frações e números decimais;
– resolver tarefas que envolvam questões do cotidiano, sem que o cálculo necessário seja apresentado no enunciado do problema;
– elaborar estratégias de solução, incluindo as que exigem tomada de decisão sequencial ou flexibilidade na compreensão de conceitos familiares;
– usar habilidades de pensamento computacional para desenvolver sua estratégia de solução;
– resolver tarefas que exigem a realização de vários cálculos diferentes, mas rotineiros, que não estão todos claramente definidos no enunciado do problema;
– usar visualização espacial como parte de uma estratégia de solução ou determinar como usar uma simulação para coletar dados apropriados para a tarefa;
– interpretar e usar representações baseadas em diferentes fontes de informação e raciocinar diretamente a partir delas, incluindo tomada de decisão condicional usando uma tabela de duas vias.
LEITURA
50% dos alunos de 15 anos não sabem:
– representar o significado literal de textos únicos ou múltiplos na ausência de conteúdo explícito ou pistas organizacionais;
– integrar o conteúdo e gerar inferências básicas e mais avançadas;
– integrar várias partes de um texto para identificar a ideia principal;
– entender uma relação ou interpretar o significado de uma palavra ou frase quando as informações necessárias estão presentes em uma única página;
– buscar informações com base em sugestões indiretas e localizar informações-alvo que não estejam em uma posição proeminente e/ou estejam na presença de distrações;
– reconhecer a relação entre várias informações com base em critérios múltiplos;
– refletir sobre um texto ou um pequeno conjunto de textos, e comparar e contrastar os pontos de vista de vários autores com base em informações explícitas;
– fazer comparações, gerir explicações ou avaliar uma característica do texto.
CIÊNCIA
55% dos alunos de 15 anos não sabem:
– utilizar conhecimentos de conteúdo moderadamente complexos para identificar ou construir explicações de fenômenos familiares;
– construir explicações com pistas ou suporte relevantes em situações menos familiares ou mais complexas;
– utilizar elementos de conhecimento procedimental ou epistêmico para realizar um experimento simples em um contexto restrito;
– distinguir entre questões científicas e não científicas;
– identificar as evidências que sustentam uma afirmação científica.