SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A obesidade é considerada um fator de risco para diversas doenças, como AVCs (acidente vascular cerebral), câncer, diabetes e pressão alta. Não há uma classificação CID (número que indica as doenças reconhecidas mundialmente) própria da obesidade pela OMS (Organização Mundial da Saúde), mas muitos médicos buscam formas de tratamento para reduzir os riscos de outras comorbidades.
Entre os principais tipos de tratamento está a cirurgia bariátrica, única alternativa para pacientes com obesidade que são dependentes exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) no Brasil. Outras formas de tratar a obesidade incluem reeducação alimentar, psicoterapia e adotar um hábito de vida mais saudável.
Nos últimos anos, novas classes terapêuticas com indicação para diabetes tipo 2 têm apresentado também resultados surpreendentes na perda de peso. Algumas destas drogas já possuem indicação em bula para obesidade no Brasil e nos Estados Unidos. Porém, ainda não há a incorporação delas ao serviço público de saúde.
AVeja abaixo quais os tratamentos disponíveis para obesidade no serviço público e privado.
**O QUE É A OBESIDADE?**
A obesidade clínica é caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo (gordura) que provoca algum sinal ou sintomas de disfunção nos órgãos ou afeta a mobilidade. Um efeito importante da obesidade é a inflamação crônica do organismo, que prejudica também o sistema imunológico. Por essa razão, os médicos consideram que o paciente obeso possui um risco aumentado para o desenvolvimento de outras condições, como diabetes tipo 2.
Já quando há adiposidade mas não há nenhuma lesão ou disfunção de órgãos, é chamada condição de obesidade pré-clínica.
**QUAIS OS TRATAMENTOS DISPONÍVEIS PARA OBESIDADE NO SUS?**
No SUS, há uma carência de tratamentos contra obesidade, sendo o único disponível o aconselhamento nutricional, embora ele próprio dependa de uma disponibilidade de um profissional qualificado nos postos de saúde, e a cirurgia bariátrica.
A cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com IMC (índice de massa corporal, calculado pela divisão do peso pela altura ao quadrado) igual ou maior a 40 ou então para aqueles com IMC superior a 35 e com comorbidades, com risco à saúde, como esteatose hepática, doenças cardíacas e pressão alta.
Para conseguir o tratamento pelo sistema público, os pacientes passam por uma avaliação pré-cirúrgica e devem cumprir com alguns critérios, como não responder às outras formas de tratamento para obesidade, como dieta e exercícios, há pelo menos dois anos. Os pacientes aguardam, porém, de cinco a dez anos na fila para realizar a cirurgia pelo SUS.
**E PELO PLANO DE SAÚDE?**
Assim como via SUS, os planos de saúde oferecem cobertura para cirurgia bariátrica, também associada a uma avaliação prévia de saúde e com indicação por um cirurgião.
Além da bariátrica, os planos de saúde ofertam também alguns medicamentos já conhecidos e utilizados no combate à obesidade, com benefício na redução de peso.
Estes medicamentos, para serem incorporados ao SUS, precisam também demonstrar redução da mortalidade e custo-efetividade e, por isso, não há nenhum medicamento aprovado até agora para uso na rede pública.
**COMO É FEITA A CIRURGIA BARIÁTRICA?**
A cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com IMC acima de 40 e que vivem há pelo menos cinco anos com obesidade, sem sucesso em métodos terapêuticos anteriores.
Ela consiste em fazer, via cirúrgica, uma redução no tamanho do estômago, o que vai levar a uma menor ingestão de alimentos e, assim, provocar a perda de peso.
A bariátrica também tem uma atuação na produção de hormônios conhecidos como GLP-1, que atuam na sensação de saciedade, o que vai levar a mudanças também endócrinas no paciente e diminuir o seu desejo de comer e a fome.
**QUAL A DIFERENÇA ENTRE BYPASS E SLEEVE GÁSTRICO?**
Os dois tipos mais comuns de cirurgia bariátrica são o bypass gástrico e o sleeve gástrico. O primeiro utiliza grampos ou cortes para reduzir o estômago e alterar o intestino, ligando-o à parte funcional do estômago (criando um formato de “Y”, por isso é chamado também de bypass “roux-en-Y”). A capacidade do estômago passa de cerca de 1,5 L para até 200 ml.
Já o sleeve ou anel gástrico consiste em colocar uma banda que reduz a boca do estômago, fazendo com que o conteúdo que pode passar seja reduzido. Nesta técnica, não há alteração no intestino.
Newsletter Cuide-se Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estar *** COMO É A RECUPERAÇÃO?
Em geral, os pacientes que passam por bariátrica passam por 2 a 4 semanas de recuperação.
Nos primeiros 14 dias, a alimentação deve ser apenas à base de líquidos, passando para comidas pastosas na terceira semana e alimentos semi-sólidos na quarta. Ao término de 30 dias, a alimentação volta a ser parecida com a do pré-operatório.