CUIABÁ, MT (FOLHAPRESS) – Uma das capitais mais quentes do país, Cuiabá atingiu 39,5°C nesta terça-feira (14), segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). O forte calor afeta trabalhadores na rua, principalmente, e até a mascote do time de futebol local.
A mascote do Cuiabá Esporte Clube, Claudivan Gonçalo Rodrigues, o Douradinho (peixe típico do rio Cuiabá), contou que tem mudado a rotina de exibição para amenizar as altas temperaturas.
Ele trabalha no clube há dez anos, quando o time ainda estava na série D do Campeonato Brasileiro.
“Este ano, em que o calor está mais intenso, estamos priorizando sempre as ações no fim da tarde ou à noite, que está menos quente”, disse.
Pesada, a fantasia é colocada por até 25 minutos para cada aparição nas partidas, revelou Rodrigues. “O último jogo foi muito difícil. Ele começou às 17h, mas estava muito abafado”, disse.
A onda de calor também tem mudado a rotina dos moradores do Brasil Beach Home Resort Cuiabá, que possui uma praia artificial. Se antes o local só lotava aos finais da semana, agora o público também tem comparecido durante os dias úteis para usar a imensa piscina.
Cleide Dantas, moradora do prédio há três anos, conta que começou a frequentar mais a piscina nas últimas semanas. “Eu quase não ia, e só nesta semana eu já fui umas três vezes”, revela. “E nos últimos dias aumentou o uso da piscina. Os moradores estão descendo e usando para amenizar esse calor imenso. Quem não aproveitava muito como lazer, agora usa por necessidade mesmo”.
Atuando no ramo da jardinagem há 15 anos, Ednaldo Neves afirma que o aumento da temperatura nas últimas semanas tem incomodado os seus colaboradores no trabalho.
Ele afirma que tem orientado todos da empresa a beber bastante água e procurar uma sombra para descansar.
“Eu sempre levava um garrafão de 10 litros de água para cada atendimento. Hoje eu já estou levando dois garrafões porque estamos consumindo muito líquido”, disse.
Ele também afirma que este é o ano mais quente desde que começou na jardinagem. “Quinze anos e nunca tinha sentido tanto calor na minha vida”.
A rotina também mudou até para quem trabalha em aplicativo de carro, que tem usado mais o ar-condicionado para tentar amenizar o incômodo.
Milton Júnior afirmou que costumava ligar o ar condicionado do carro só depois das 9h30. Hoje, ele não desliga mais. “Eu inicio todo dia o trabalho às 6h. Hoje eu entro no carro e ligo o ar”, disse.
“Aumentou o número de corridas, onde pai e mãe estão levando seus filhos nas Upas (Unidade de Pronto Atendimento), por causa de dor de cabeça ou o nariz sangrando”, conta.
Nas ruas da capital mato-grossense, o calor também tem incomodado os vendedores ambulantes. Vendendo água todo dia em uma das praças da região central de Cuiabá, Cleuza Maria do Nascimento, 60, afirma que a onda de calor extremo tem prejudicado as vendas.
“Diminuiu a venda porque as pessoas estão evitando andar nas ruas. Está muito devagar, e ainda tem a questão da falta de dinheiro e outras que já estão saindo com suas garrafas dágua”, disse.
Cleuza diz que, para se proteger, tem ficado mais tempo debaixo do guarda-sol e só sai quando é para atender algum cliente no semáforo. “E tenho bebido bastante água e suco”, conta.
Outro ambulante que tem enfrentado o calor extremo para conquistar o seu ganha-pão é Sebastião da Silva, 62, que passa o dia vendendo água e caldo de cana nos semáforos da principal avenida de Cuiabá.
Ele diz que não pode reclamar do calor, já que as vendas aumentara. Mas ele tomou medidas para evitar problemas. “Tem que ser com o rosto cheio de creme, de protetor solar, se não vira um carvão”, brinca.
Ele também afirma que se hidrata a cada 10 minutos para dar conta da rotina de oferecer os produtos logo que o sinal fecha. “Trabalho há uns quatro anos com isso. E esta semana é a mais quente que tivemos”, concluiu.
Em Mato Grosso, por exemplo, Inmet e Defesa Civil alertaram para a onda de calor com 5°C acima da média. A capital foi a mais afetada, chegando a registrar máxima de 44°C.