SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de Israel revisou nesta quinta-feira (9) o número de mortos durante a infiltração do grupo terrorista a seu território em 7 de outubro. Segundo anúncio feito pelo Ministério das Relações Exteriores na sexta, os óbitos totalizam cerca de 1.200, não 1.400 como anunciado anteriormente.

O motivo, explicou o porta-voz da chancelaria Lior Haiat, é que as análises apontaram que cerca de 200 cadáveres que não tinham sido identificados são de terroristas.

Desde o início do conflito, Tel Aviv perdeu mais 39 cidadãos, todos eles soldados. Além disso, de acordo com as contas do Exército israelense, aproximadamente 240 pessoas foram sequestradas na madrugada dos ataques e feitas reféns pelo Hamas -somente quatro delas foram libertadas desde então, duas mulheres israelenses, ambas idosas, e duas americanas, mãe e filha.

A cifra de mortes registrada no início de um conflito frequentemente sofre um paradoxo. Ao mesmo tempo em que o número é fundamental para dimensionar a escala de seus danos, ele é também quase impossível de ser aferido em tempo real por órgãos independentes.

Resta às organizações humanitárias e à imprensa, assim, depender de dados fornecidos pelas autoridades: no caso da guerra Israel-Hamas, o governo de Tel Aviv, de um lado, e as autoridades de Gaza, do outro.

Desde o início da guerra, o foco do escrutínio internacional foi a contagem palestina de mortos, não tanto a israelense. A suspeita foi inclusive repetida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disse em pronunciamento no final do mês passado que não tinha certeza de que os palestinos estavam falando a verdade acerca do número de vítimas em Gaza.

A desconfiança tem origem no fato de que o cálculo de óbitos na faixa vem do Ministério da Saúde local -que, assim como os demais órgãos do território, é controlado pelo Hamas. A organização, considerada um grupo terrorista por parte da comunidade internacional, é também um partido.

Em 2006, ele chegou a ser referendado nas urnas para governar a faixa, mas usou a violência para passar a controlá-la quando a Autoridade Nacional Palestina (ANP) se recusou a reconhecer o resultado do pleito.

Frente às críticas internacionais, notadamente as de Tel Aviv, que descredibiliza as cifras, a pasta da Saúde do território passou a informar em seus últimos relatórios que as estatísticas dos escritórios em Gaza têm sido supervisionadas pelo Ministério da Saúde em Ramallah, na Cisjordânia ocupada -este, ainda governado parcialmente pela ANP, reconhecida internacionalmente.

Antes da guerra Israel-Hamas, porém, o Departamento de Estado dos EUA já tinha recorrido aos números fornecidos pelo Ministério de Saúde em Gaza. Além disso, em conflitos anteriores, a ONU afirmou que as contagens da pasta eram confiáveis, exibindo diferenças de cerca de quatro pontos percentuais para mais ou para menos em média em relação a seus próprios levantamentos.

Nesta sexta-feira, as autoridades gazenses atualizaram o balanço de mortos para 11.078, sendo 4.506 destes crianças e 3.027, mulheres. Do total, cerca de 100 eram trabalhadores da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA. Trata-se do maior número de óbitos de profissionais ligados ao organismo multilateral em um período tão curto.

Tel Aviv diz mirar membros do Hamas ao bombardear e invadir locais onde também moram e circulam civis. Ele também acusa a facção de esconder-se em locais como escolas e hospitais para se proteger, pondo com isso pessoas inocentes em risco.

O grupo palestino, por sua vez, refere-se a todas as vítimas como “mártires”, sem fazer distinção entre rebeldes e civis.