Edição da newsletter Maratonar indica seriados que estão no streaming protagonizados por psicanalistas e seus pacientes
(Beatriz Izumino)
Não faltam exemplos de terapeutas na cultura pop, mesmo que a lista de personagens que precisam de terapia seja ainda maior. Escolhi sete séries sobre psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, psicoterapeutas e afins para assistir no streaming.
Muito se fala sobre saúde mental hoje em dia, mas pesquisando opções para esta lista, acho que talvez psicólogos e demais profissionais da área estejam precisando de uma reabilitação de imagem: quase todos os exemplos de prática terapêutica que encontrei são de profissionais tanto ou mais instáveis que seus pacientes. Sinais de sua humanidade e falibilidade, quem sabe (exceto no caso de Hannibal Lecter).
Também foi mais fácil encontrar opções de séries que de filmes, em parte pela característica da continuidade, bem exemplificada no formato especial de exibição adotado por “Em Tratamento” e “Sessão de Terapia”, com múltiplos episódios semanais e cada dia da semana dedicado a um paciente, como se seguisse a agenda do psicoterapeuta.
“Falando a Real”
Jimmy (Jason Segel), de luto desde a morte da mulher em um acidente de carro, se cansa da incapacidade de seus pacientes de tomarem boas decisões e resolve dizer o que realmente pensa, com consequências para eles, para si mesmo, sua filha, seus amigos e seus colegas.
Entre os companheiros de profissão no Centro de Terapia Cognitiva Comportamental está o personagem de Harrison Ford, que vem sendo elogiado por sua atuação (nada como parecer interessado no que está fazendo pela primeira vez em décadas). A série foi criada por Segel com Brett Goldstein e Bill Lawrence, parte do time por trás de “Ted Lasso”.
Disponível na AppleTV+. Uma temporada, dez episódios
“O Paciente”
Para tentar entender o que está por trás de seu impulso assassino, o serial killer Sam (Domhnall Gleeson) sequestra o terapeuta Alan (Steve Carell) e o mantém refém em seu porão. Criada pelos escritores de “The Americans”, a minissérie se passa quase toda em lugares apertados, pondo o espectador na mesma tensão que Alan: curar ou morrer.
É claro que o terapeuta não chega ao porão sem a própria carga de problemas, que vão de luto a religião e são revelados por meio de flashbacks e conversas imaginárias.
Disponível na Star+. Uma temporada, dez episódios
“Em Terapia” / “Sessão de Terapia”
É possível assistir no Brasil a duas das 20 adaptações internacionais da série israelense “BeTipul”, de Hagai Levi (que depois faria a versão da HBO de “Cenas de um Casamento”).
Na série americana (“Em Terapia”), Gabriel Byrne é o psicoterapeuta Paul Weston, que a cada episódio recebe um paciente e ao final da semana se consulta com a própria terapeuta, Gina (Dianne Wiest). Um dos grandes méritos dessa versão foi revelar ao mundo a então adolescente Mia Wasikowska (“Alice no País das Maravilhas”) que interpretava Sophie, uma das pacientes de Paul.
Byrne esteve à frente da série nas três temporadas que foram ao ar de 2008 a 2010. Em 2021, a HBO lançou uma quarta leva, estrelada por Uzo Aduba (“Orange Is the New Black”), mas em meio à pandemia de Covid a série não decolou e foi cancelada.
“Sessão de Terapia” é a versão brasileira de “BeTipul”, que inicialmente foi ao ar no canal GNT. As primeiras duas temporadas, assim como a edição americana, seguem em linhas gerais a versão israelense. Já a terceira tem o psicoterapeuta Theo Cecatto (Zé Carlos Machado) em histórias originais.
Em 2019, o Globoplay retomou a produção da série, desta vez com Selton Mello (que já havia dirigido as três temporadas anteriores), no papel de um novo protagonista, Caio Baronne. Em 2021, mais episódios foram produzidos, já sob a sombra da Covid.
“Em Terapia”: disponível na HBOMax. Quatro temporadas, 130 episódios
“Sessão de Terapia”: disponível no Globoplay. Cinco temporadas, 185 episódios
Aviso: Somente para os estômagos mais fortes. As cenas do filme “Hannibal” com o cérebro de Ray Liotta para fora são só aperitivo perto do que serve a série homônima, criada por Bryan Fuller com base nos livros de Thomas Harris.
Nela, o agente do FBI Will Graham (Hugh Dancy, muito bom mas sofrendo com o sotaque americano) é convocado a voltar ao trabalho depois de um afastamento para investigar mortes por serial killers. Graham é a pessoa certa para o serviço porque tem uma capacidade especial de se pôr no lugar dos assassinos e compreender suas lógicas distorcidas, o que lhe causa grande sofrimento. Para ajudá-lo, o FBI contrata a consultoria de um psiquiatra famoso: Hannibal Lecter (Mads Mikkelsen, servindo olhos de tubarão e ternos bem cortados).
As três temporadas da série cobrem parte das histórias contadas nos livros “Dragão Vermelho”, “Hannibal” e “Hannibal: A Origem do Mal”, mas não chegam à parte mais famosa da saga, com Clarice Starling, por uma questão de direitos autorais.
Provavelmente é a única série que pode fazer você pensar “que parte de um ser humano pode virar prosciutto?”.
Disponível no Amazon Prime Video. Três temporadas, 39 episódios
“Frasier”
O psiquiatra Frasier Crane (Kelsey Grammer) volta a Seattle após a dissolução de seu casamento em Boston (onde ele era personagem na histórica série “Cheers”). Na nova velha cidade, passa a apresentar o programa de rádio “The Dr. Frasier Crane Show”, em que dá conselhos a ouvintes que telefonam com suas dúvidas e dilemas.
Esnobe e falastrão, o psiquiatra se vê obrigado a aceitar morar com o pai, Martin (John Mahoney), um policial homem do povo que se aposenta após ser baleado em um assalto. O retorno à cidade natal ainda reaproxima Frasier de seu irmão, Niles (David Hyde Pierce), também psiquiatra, também esnobe.
A série durou 11 temporadas, ao longo das quais ganhou uma infinidade de prêmios e a participação especial de grandes atores e atrizes (estas, geralmente como pares românticos para o protagonista).
No mês passado, a Paramount+ estreou um revival da série, com apenas Grammer de volta. As críticas não têm sido positivas, então considero aqui somente a leva original.
Disponível na Paramount+. Onze temporadas, 263 episódios
“Terapia de Casais”
A doutora Orna Guralnik tem uma vantagem sobre os demais psicoterapeutas nesta lista: é a única que de fato existe na vida real. “Terapia de Casais” é uma série documental, filmada com câmeras cuidadosamente mocozeadas em um set hiper-realista, em que os participantes nunca se sentem observados e expostos —ou ao menos não o bastante para impedi-los de ter conversas profundas e reveladoras sobre si mesmos e seus relacionamentos.
Cada episódio leva o espectador como uma mosquinha a sessões de quatro casais, escolhidos entre mais de mil que foram entrevistados pela produção. São pessoas em pontos de inflexão em seus relacionamentos —ficar ou partir, engravidar, insistir, desistir?—, que recebem a orientação atenta de uma profissional de verdade, não um picareta desses de reality show, interessado apenas em gerar drama e audiência.
São parte da série também as conversas de Orna com sua supervisora clínica, Virginia Goldner, em que a terapeuta revela suas inseguranças e recebe orientação sobre como proceder com seus casos mais delicados.
Pena que o Globoplay tenha somente a primeira temporada (outras duas já foram ao ar nos Estados Unidos). Os nove primeiros episódios são a temporada regular, como foi exibida originalmente. O décimo é um especial produzido ao longo de 2020 (alerta de gatilho de pandemia extrema), com alguns dos participantes dos episódios anteriores e casais novos.
Disponível no Globoplay. Uma temporada, dez episódios
“As Ladras”
Se você já quis ver Adèle Exarchopoulos (“Azul É A Cor Mais Quente”) cometer um assalto com Mélanie Laurent (“Bastardos Inglórios”) e Isabelle Adjani (“Possessão”), esta é a sua chance.
Disponível na Netflix. 115 min
“Retratos Fantasmas”
Documentário de Kleber Mendonça Filho sobre os cinemas de rua do Recife. Escolhido para representar o Brasil no Oscar.
Disponível na Netflix. 92 min
“Samurai de Olhos Azuis”
Animação para adultos sobre Mizu (Maya Erskine), uma samurai mestiça buscando vingança no Japão do século 17.
Disponível na Netflix. Uma temporada, oito episódios
“Nyad”
Annette Bening tenta nadar até o Oscar que já lhe escapou outras quatro vezes. Desta vez, Bening é Diane Nyad, a primeira mulher a fazer a travessia de Cuba até o estado americano da Flórida sem a proteção de gaiolas contra tubarões, aos 64 anos. Críticas indicam que o destaque do filme, porém, é Jodie Foster, que interpreta Bonnie Stoll, melhor amiga e treinadora de Nyad.
Disponível na Netflix. 121 min.
“Na Ponta dos Dedos”
Romance de ficção científica sobre Anna (Jessie Buckley) e Ryan (Jeremy Allen White), um casal cujo amor é comprovado por um novo teste, feito a partir das unhas. A jovem, no entanto, tem dúvidas sobre o resultado, e passa a trabalhar no instituto que criou a nova tecnologia, onde conhece Amir (Riz Ahmed).
Disponível na AppleTV+. 113 min.
“Quiz Lady”
Jenny (Sandra Oh) e Anne (Awkwafina) são duas irmãs completamente diferentes que partem juntas em uma missão para juntar dinheiro e pagar as dívidas de jogatina da mãe. Para isso, precisarão atravessar o país e usar as habilidades de Anne em um game show.
Disponível na Star+. 99 min
“As Novas Aventuras de Christine”
No retorno de Julia Louis-Dreyfus à TV após o fim de “Seinfeld”, a eterna Elaine Benes interpreta Christine, uma mulher divorciada cujo ex-marido começa a namorar uma nova Christine.
Disponível na HBO Max até o dia 30.nov. Cinco temporadas, 88 episódios.