No exercício do segundo mandato na Assembleia Legislativa de Goiás, o ex-vereador (três mandatos) e ex-prefeito de Anápolis (dois mandatos), Antônio Roberto Gomide, do Partido dos Trabalhadores, fez uma visita de cortesia ao CONTEXTO. E, como não poderia deixar de ser, ele concedeu uma entrevista exclusiva, na qual falou sobre o seu trabalho de representação na Alego e falou sobre as eleições de 2024, para prefeito. Ele não disse nem que sim, nem que não, mas a possibilidade de colocar seu nome para disputa, em Anápolis, já tem um sinalizador: o cenário político.
– O senhor renovou o mandato e, agora, na atual legislatura, foi alçado a uma das vice-presidências da Assembleia Legislativa de Goiás. Como está sendo esse desafio?
Antônio Gomide: Um desafio importante. Primeiro, pela representação. Anápolis merece estar representada na Mesa Diretora. Hoje nós temos quatro deputados na Alego e é importante a gente poder dizer que esse espaço é um espaço da cidade. Um espaço político onde a gente pode desenhar aquilo que estamos trabalhando pelo Município que é o segundo maior PIB de Goiás.
– Nesta legislatura, a Alego tem uma bancada de Anápolis um pouco mais ampliada. O que isso traz ou pode trazer de positivo para a cidade?
Antônio Gomide: Já está trazendo. Vejam vocês que com a nossa ação na Mesa Diretora, junto com os três outros deputados de Anápolis e o presidente da casa, Bruno Peixoto, fizemos uma doação para a área de saúde. Tivemos a possibilidade de, através do duodécimo da Alego, fazer um aporte de R$ 2,6 milhões para compra de um tomógrafo computadorizado para a Santa Casa. É um aparelho para diagnóstico de câncer, doenças cardíacas e neurológicas. Então, isso já é um avanço e até um reconhecimento da Mesa Diretora no sentido de podermos dar esse suporte na área de saúde.
– O senhor, inclusive, vem de algum tempo articulando um projeto de trazer a UFG para Anápolis, numa proposta que caminha com o Ceitec, da Prefeitura. Como está esse projeto?
Antônio Gomide: Verdade. Esse é um projeto que vem sendo desenhado há um ano e meio, onde estamos trazendo a possibilidade de cursos da Universidade Federal de Goiás, a UFG, aqui na nossa cidade. Nós temos aqui a sede da Universidade Estadual de Goiás, temos outras universidades como a UniEvangélica. Temos a Universidade Aberta ligada à UnB, que tive a oportunidade de implantar enquanto prefeito da cidade e várias outras faculdades. Mas, a oportunidade de termos aqui a UFG é única.
– Parece que está longe, mas 2024 vem aí. Como o senhor está visualizando o cenário. Tendo o nome cotado para disputar a Prefeitura, o senhor já começa a trabalhar nesse sentido?
Antônio Gomide: É importante dizer que nós temos cautela em tudo que vamos fazer. O foco em 2023 é o foco na nossa gestão e no trabalho para o qual fomos eleitos como deputado estadual. Então, o objetivo é trabalhar bem os nossos projetos, escutando a população. Então, temos andado por todas as regiões de Goiás, mas com um carinho especial por Anápolis, que é o lugar onde moro, onde converso mais com as pessoas. E, até por ter sido prefeito, conhecemos mais as demandas das pessoas e da cidade. Mas como deputado, temos o foco em ajudar nossa cidade. A eleição do ano que vem, 2024, o Partido dos Trabalhadores está definindo. Já está formando chapas de vereadores, vamos ter candidatos a Prefeito. E vamos desenhar isso para 2024: qual é a melhor proposta, qual o melhor candidato. Não tenho dúvida que nós teremos candidato a Prefeito [em Anápolis] e teremos uma boa chapa de Vereador. Agora, certamente, o cenário para a eleição de 2024 não será o mesmo desse ano. Nós achamos que tudo isso vai se definir com quem a gente vai andar. O partido vai fazer coligação? Com quem nós vamos andar em relação ao Estado? O trabalho político é contínuo, a eleição é no ano que vem, mas esse trabalho está sendo feito pelas direções partidárias para que possamos chegar no ano que vem preparados, termos bons nomes e bons programas para apresentar à cidade.
– O Partido dos Trabalhadores, através das suas principais lideranças, coloca o nome do senhor como candidato natural em Anápolis. Como o senhor avalia isso?
Antônio Gomide: Meu nome acaba sempre lembrado porque fui prefeito por dois mandatos. Então, isso é natural, mas a definição ocorrerá ano que vem. O cenário político e a forma com que poderemos ajudar a cidade vão se definir. A cidade quer mudança? A cidade quer fazer um link com o Governo Federal? Qual é a possibilidade de termos uma política entrelaçada com o Governo estadual que tem mais dois anos? Tudo depende de cenário. O que nós queremos é colaborar com a cidade. Tive o privilégio de ser eleito duas vezes deputado, saindo eleito dentro de Anápolis. Tive a oportunidade de ser o prefeito mais bem votado da história com 89% dos votos no primeiro turno. Então, isso não é pouco. Mas o que quero dizer é que não tenho nenhuma vaidade de ser o meu nome ou não. Eu quero é colaborar. Se no ano passado o cenário estiver favorável para que a gente possa somar aqui como deputado estadual, ficamos como deputado; se pudermos somar como prefeito, vamos somar como candidato. Mas quem vai definir isso? Quem vai definir é a cidade. Nós já cumprimos uma etapa e tenho orgulho de poder dizer que, como prefeito, n´s fizemos muito por Anápolis. Ando na cidade com a cabeça erguida, com as nossas prestações de contas aprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios. A população nos bairros nos reconhece pelas realizações que fizemos. Então, ser prefeito é um privilégio. Agora, o cenário político, em 2024, é que vai determinar se vamos manter nosso mandato [de deputado] ou nos colocar para outro cargo onde a gente possa ajudar mais a cidade.
– O senhor joga para 2024 o cenário para definir uma eventual candidatura. Mas, hoje, qual o cenário político o senhor visualiza em Anápolis?
Antônio Gomide: Hoje eu enxergo que nós temos um Governo Federal que muito daquilo que já pode fazer pela cidade. Anápolis é um modelo do que o presidente Lula pode ajudar o Brasil. Nós tivemos aqui na nossa gestão a oportunidade de trazer obras, investimentos. Nossa cidade nunca cresceu tanto na geração de emprego e qualidade de vida. E as pessoas diziam que estavam vivendo na cidade mais feliz do Brasil. Isso veio de uma pesquisa nacional, inclusive. Então, o que vamos fazer é relembrar isso à população. Aquilo que aconteceu na nossa gestão de 2009 a 2012 e depois até 2014, é o que nós temos de oportunidade para construir pela frente. Então, esse é um cenário. Aqui, nós temos de ter uma cidade que tenha autonomia e esteja melhorando cada vez mais. O governo tem condições de fazer investimentos, como em moradia. Em cinco anos na nossa gestão nós fizemos mais de 7 mil moradias. Hoje a gente não vê nada [de moradia popular] sendo construído na cidade. E porque não foi? Isso é prioridade. Nós temos essa visão de gestão perto das pessoas. Esporte: isso é importante na cidade. Cultura: isso é importante na cidade. Investimentos na infraestrutura, ter o asfalto, a galeria de água pluvial, um plano diretor de drenagem…tudo isso é importante. E a gente pensa: quatro ano demora muito. Para um gestor [prefeito] quatro anos passa muito rápido porque os investimentos vão a licitação, passam por processos que dependem da legislação e são muito lentos, morosos. Precisa, desde o início, de um planejamento já para a ação. E, na nossa primeira gestão, nós tínhamos um terço do orçamento que tem hoje, que é de cerca de R$ 2,3 bilhões. Nós fizemos com um terço desse valor e tínhamos creches, parques ambientais, asfalto, moradias populares, a UPA, Restaurante Popular. Então é isso que a cidade quer, a cidade quer dar passos mais largos. Mas quem tem de escolher isso é o cidadão, o mesmo que colocou o nosso mandato. Então, tenho responsabilidade com a cidade. E ela vai definir que quer. Quer que a gente cumpra o mandato, nós já estamos fazendo o trabalho. Vamos buscar outro caminho, a cidade vai nos dizer. A vontade da cidade é importante para tomarmos decisões.
– Recentemente, o prefeito Roberto Naves, respondendo a questionamento, ele fez alusão ao senhor e ao deputado Rubens Otoni, que vocês fazem críticas amenas, porque são pessoas coerentes. Como o senhor viu essa declaração dele? Antônio Gomide: Vejo com tranquilidade, porque a política nós temos de colocá-la num debate de argumentos. Eu comecei minha vida política em 1996 na Câmara Municipal. Sempre fiz debates na tribuna, sempre fiz argumentações. Nós fomos oposição a governos municipais. Mas eu sei diferenciar bem aquilo que é o debate político daquilo que são questões pessoais. A política é para contribuir. O debate é para somar. Então, quando faço um discurso na tribuna, quando estou dando uma declaração ou reivindicando algo para a cidade, não tem nada de questões pessoais. Assim como a gente quer o resultado daquilo que estamos buscando, é importante também escutar o outro lado e ter um melhor entendimento. Então, a política é feita de diálogo. Não é feita para convencer quem está no poder. É para convencer o cidadão. O diálogo, o respeito e a argumentação estiveram sempre no nosso modo de fazer política. Mas nós tivemos aí um período de quatro anos de muitos atritos, de muita violência na política. Parecia que só uma pessoa estava com a verdade e não se podia ter outro tipo de ideia. Eu vou participar de uma eleição, mas só se for para ganhar. Se for para perder não posso participar. Como se isso não fosse um jogo democrático. Então, a política está voltando para o lugar dela. Então, é preciso chamar as pessoas para colaborar e discutir o que é melhor para a qualidade de vida da cidade. Então, nós temos um prefeito que foi eleito e nós queremos que a sua gestão dê certo. Agora, nós fazemos críticas, mas críticas que vêm para somar com a cidade. Podemos colaborar com ideias e com aquilo que a gente acredita. Então, temos a nossa história, saímos de vereador, fomos eleito prefeito por essa história, hoje como deputado. Tudo isso pelo nosso trabalho, pelo nosso diálogo com as pessoas. Aqui na cidade, as pessoas me chamam pelo nome. Sabem quem eu sou e isso é um privilégio. E isso a gente quer traduzir em melhorias para a cidade através da política. A boa gestão passa por uma boa política.
(Parceria jornal Contexto/ Anápolis).