Grife é a primeira marca de luxo a superar 20 bilhões de euros em vendas em um ano

Adrienne Klasa
FINANCIAL TIMES-FOLHA PRESS
Um grupo de 20 pessoas se aglomerou contra as barreiras e se espalhou no lado de fora do desfile da Louis Vuitton neste mês na Champs-Élysées, em Paris, enquanto a atriz Zendaya caminhava pelo tapete vermelho usando um vestido branco com zíper dividido até o umbigo.

“É como controlar a multidão durante a Beatlemania”, resmungou um policial para um colega enquanto afastava uma bolsa da Louis Vuitton que balançava no pulso de uma mulher empolgada na plateia.

A marca de propriedade da LVMH tem sido uma das maiores vencedoras do boom do luxo, que agora está chegando ao fim, dobrando de tamanho nos últimos cinco anos para se tornar a primeira marca de luxo do mundo a ultrapassar 20 bilhões de euros (cerca de R$ 105,2 bilhões) em vendas anuais.

Diante do atual cenário econômico mais contido, o CEO da grife, Pietro Beccari, enfrenta os desafios de manter o crescimento de uma marca já enorme, ao mesmo tempo em que mantém seu prestígio de luxo.

“A Louis Vuitton é a líder do luxo, então temos que continuar fazendo cada vez mais, criando cada vez mais desejo pela cultura da marca, bem como pelos designs”, disse Beccari ao Financial Times no desfile deste mês.

Dentro do imenso local —um canteiro de obras que se tornará uma das mais novas e maiores localizações globais da Vuitton, envolto em lona plástica laranja para a ocasião— executivos da LVMH e a família do bilionário proprietário Bernard Arnault se misturaram com estrelas e influenciadores.

Foi uma demonstração de força para a marca principal do império de luxo de Arnault, duas semanas antes dos resultados do terceiro trimestre mostrarem que o crescimento da indústria estava desacelerando para um ritmo histórico mais normal após um boom de três anos.

As vendas da LVMH cresceram 9% no trimestre mais recente, para 19,9 bilhões de euros (R$ 105 bilhões), abaixo dos 17% registrado no trimestre anterior. O grupo não divulga números para as marcas individuais, mas analistas estimam que a Louis Vuitton acompanha a trajetória da divisão de moda e artigos de couro da LVMH, onde o ritmo de crescimento caiu pela metade, de 21% no segundo trimestre para 9% no terceiro.

Mas apesar da redução no crescimento, espera-se que a Louis Vuitton continue na busca pelos 30 bilhões de euros (R$ 157,9 bilhões) em vendas nos próximos anos, de acordo com estimativas do HSBC.

“Nesse tamanho, a cada ano eles criam o equivalente a uma nova empresa” em termos de crescimento, disse Roberto Costa, chefe do setor de investimento em luxo global do Citi. “É uma marca tão forte que continuará crescendo”.

No entanto, alcançar isso exigirá mais trabalho, já que os clientes que a marca busca nos EUA e na Europa estão reduzindo os gastos e a recuperação da China —após os bloqueios para conter a Covid-19 do ano passado— está se mostrando mais lenta do que o esperado. Na comparação, as vendas da Louis Vuitton nos EUA caíram nos três primeiros trimestres do ano, segundo estimativas do HSBC, mas espera-se que melhorem no final de 2023.

A tese de Arnault para manter o crescimento da Louis Vuitton foi apresentada na reunião anual do grupo no início de 2022. “A Louis Vuitton é muito mais do que uma marca de moda, é uma marca cultural com um público global”, disse ele.