Ator nega suposta censura ao beijo gay na trama: ‘Ninguém nunca censurou, nunca foi escrito’
SÃO PAULO- Folha Press
Amaury Lorenzo, que está fazendo sucesso na pele do capataz Ramiro em “Terra e Paixão” (Globo), falou abertamente sobre sua sexualidade. Na trama, o personagem reluta em assumir sua paixão por Kelvin (Diego Martins).
“Eu me considero um homem LGBTQIA+”, disse Amaury ao jornal Extra, sem especificar a qual letra da sigla se referia. “Pode ser que daqui a pouco eu me case com outro homem, cis ou trans, com uma mulher, cis ou trans… Eu sei que o público tem curiosidade de saber sobre a minha sexualidade. Não tenho problema com relação a isso. A única questão é quando o assunto fica acima do meu trabalho como ator.”
O ator contou já ter enfrentado situações de preconceito. “Ainda criança, lá no interior de Minas, com 8, 9 anos, eu já era alvo de comentários cruéis por dançar balé clássico”, afirmou. “Uma vez, saindo da aula, ouvi pessoas me chamando de viadinho, e eu nem sabia o que isso significava. Quando me virei, eram vendedoras de uma loja de roupas.”
Ele também disse já ter sido atingido com arma de bolinhas por um garoto de seu bairro. “Fez um buraco nas minhas costas”, lembrou. “Comecei a ter vergonha de fazer balé.”
A situação foi agravada por uma professora que debochou dele após, aos 10 anos, ele fazer teste para uma companhia de balé de Londres. “Sabiam que Amaury é bailarino? Se eu falasse o que eu penso, eu seria expulsa da escola”, teria dito ela. “Terapia me ajudou a superar”, afirmou o ator.
Lorenzo nega uma suposta censura ao beijo entre Ramiro e Kelvin. “Ninguém nunca censurou a gente de se beijar na novela, porque o beijo nunca foi escrito”, afirma. “Só gravamos o que o autor escreve. O roteiro chega assim: ‘quase se beijam’, ‘clima de afeto’. A cobrança pelo beijão vem do público.”
Diego Martins, que participou da entrevista, disse que o público quer ver mais e, às vezes, até fantasia uma relação entre os dois atores fora de cena. “Os fãs adoram criar histórias paralelas”, contou. “Eles querem o casal no dia a dia, o sexo. Já passou da hora de levar ao ar cenas mais picantes entre dois iguais. Quantas cenas de sexo a gente vê de casais hétero? Até em novela das sete! Não falo só de ‘Terra e Paixão’: é preciso tirar o estigma, acabar com o tabu.”