SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando foi exibido no último Festival de Cannes, “Estranha Forma de Vida”, o muito aguardado faroeste gay de Pedro Almodóvar, decepcionou alguns dos presentes, que esperavam uma visão mais tórrida para o romance entre dois caubóis.

Foi o próprio cineasta espanhol, afinal, que descreveu o curta-metragem como uma resposta a “O Segredo de Brokeback Mountain”, filme que ele próprio julgou ter pouco sexo no passado. Era normal esperar que houvesse conjunções carnais e nudez explícitas no filme que estreia agora nos cinemas brasileiros.

Mas “Estranha Forma de Vida” mais sugere do que mostra cenas picantes entre os caubóis gays de Ethan Hawke e Pedro Pascal. O último oferece a única parte de corpo mais nua da trama, as nádegas, que aparecem empinadas sobre a cama após uma noite de amor.

“Eu já fiz vários filmes com cenas eróticas explícitas, e não tenho problema nenhum com isso. Mas esse não era o estilo de ‘Estranha Forma de Vida’. Eu queria um faroeste clássico, mas com dois homens que, por meio de diálogos e olhares, criassem um jogo de paixão e desejo. E há diferentes tipos de desejo, para além do carnal”, disse Almodóvar em Cannes.

Para ele e também para Hawke, a grande sacada do filme é brincar com a imaginação do público. “Eu queria mais que os personagens falassem sobre isso [o sexo e o desejo], do que mostrassem isso. E essa conversa acontece enquanto o Pedro Pascal procura sua cueca, então é muito sexy de acompanhar. Os dois estão próximos, pelados, mas era a conversa que estava realmente nua.”

“É algo mais difícil do que a parte física de um relacionamento”, afirma o cineasta espanhol, que já enquadrou em close a cueca branca molhada de Gael García Bernal, em “Má Educação”, e pediu a um ator que suplicasse “me come” na abertura masturbatória de “A Lei do Desejo”.

ESTRANHA FORMA DE VIDA

– Quando Estreia nesta quinta (14), nos cinemas, e no dia 20 de outubro na Mubi

– Classificação 14 anos

– Elenco Ethan Hawke, Pedro Pascal e Manu Rios

– Produção Espanha, França, 2023

– Direção Pedro Almodóvar