SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Uma simples substituição de Lionel Messi gerou apreensão na Argentina e significou mais do que uma saída de campo: a aposentadoria do craque ainda não tem data, mas está cada dia mais perto.

O craque afirmou que momentos como este devem se repetir logo após a vitória argentina contra o Equador, na estreia das eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo.

“Seguramente não é a última vez que eu saio nas partidas”, disse Messi.

Rapidamente, veículos de imprensa, torcedores argentinos e fãs do jogador foram às redes sociais com mensagens em tom de despedida.

Messi não era substituído em um jogo pela Argentina desde junho de 2014, quando marcou dois gols contra a Nigéria e saiu na etapa final, poupado, pela fase de grupos da Copa no Brasil.

“Ele nunca deve ser substituído, nem mesmo para ser aplaudido”, afirmou Guardiola em 2021, após Mauricio Pochettino sacar Messi de um jogo pelo PSG no Campeonato Francês.

Ainda que não tão próxima, a aposentadoria de um dos grandes craques do futebol mundial pouco a pouco parece mais palpável.

Para além da alteração de um jogador que raríssimas vezes viu seu número em vermelho na placa de substituição -e, é claro, da afirmação pós-jogo contra o Equador-, outros elementos alimentam o teor melancólico de uma despedida que, ao menos para alguns, já pinta no horizonte.

Obviamente, os 36 anos completados pelo camisa 10 em junho são o primeiro indicativo. Porém, a saída da elite do futebol mundial e a decisão por uma liga menos competitiva nos Estados Unidos, pondo, segundo ele, a família como primordial na escolha, também sinalizam a mudança de prioridades para o argentino.

Pesou, ainda, a conquista da Copa do Mundo, o único – e mais importante – título que faltava na prateleira do jogador. Depois de 2022, não havia mais grandes desafios inéditos na carreira.

Messi falou sobre a infelicidade durante os dois anos em Paris e a decisão pela costa leste norte-americana na entrevista ao Mundo Deportivo e ao Sport, em junho passado.

“Não desfrutava, e isso afetou minha vida familiar. Perdi muito a vida dos meus filhos na escola. A decisão também passa por aí: me reencontrar, entre aspas, com minha família, com meus filhos e curtir o dia a dia. Tive a sorte de conseguir tudo no futebol, e agora vai um pouco além do esporte -que também me interessa-, que é a família.”

Tão logo Messi disse que a cena da substituição se tornaria mais comum, torcedores argentinos, fãs do jogador e jornais repercutiram a afirmação. O tom, de modo geral, era de lamentação.

Se ainda restam ao camisa 10 duas, três ou mais temporadas, ou se ele vai contrariar o que havia dito e jogar a Copa em 2026, não há previsão. Mas, à medida que surgem os primeiros sinais de uma despedida, a apreensão e uma espécie de saudosismo tomam o sentimento dos apaixonados pelo ídolo rosarino.

“Senti como uma despedida gradual. Se de um dia para o outro Messi não estiver mais, seria terrível e angustiante. O fato de começar a sair aos poucos, quiçá mais adiante comece [os jogos] no banco de reservas, e aos poucos vai nos deixando. Me arruína pensar nisso”, escreveu um torcedor no Twitter. “Quando Messi saiu do campo, eu literalmente chorei pensando no dia de sua despedida”, relatou outra torcedora.

Em entrevista à Apple TV, para a tranquilidade de quem aprecia bom futebol, Messi assegurou que ainda não pensa em quando vai se aposentar.

“Ainda não penso nisso, sou sincero. Gosto de jogar, gosto de estar com a bola em campo, competir, treinar. Não sei quanto mais vou jogar, mas acho que vou tentar levar o máximo que puder”, disse Messi.