SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em alta de 0,45% nesta terça-feira (5) após um dia de liquidez reduzida por conta do feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos e uma sessão esvaziada no Brasil. Sem a previsão de divulgação de indicadores relevantes, as negociações desta terça estão sendo influenciados pelo avanço da divisa norte-americana no exterior após dados decepcionantes de China e Europa.
Às 9h09, a venda à vista da moeda norte-americana estava cotada a R$ 4,9558.
Na segunda (4), a Bolsa brasileira e o dólar registraram leve queda. Tanto o Ibovespa quanto a moeda americana recuaram 0,09%, terminando o dia aos 117.776 pontos e a R$ 4,934, respectivamente.
“O Ibovespa tentou ganhar tração e dar continuidade ao movimento de sexta-feira com a alta da Vale, mas a falta da referência das bolsas de Nova York, fechadas devido ao feriado, trouxe menor liquidez e aos poucos o índice perdeu força e zerou os ganhos”, diz o economista Alexsandro Nishimura, da Nomos.
As principais quedas do Ibovespa nesta segunda foram de Petrobras, que registrou baixa de 0,88% em suas ações preferenciais e de 1,28% nas ordinárias, em dia fraco para o petróleo no exterior, e do Itaú, que caiu 0,50%.
O planejador financeiro Apolo Duarte, sócio e chefe da mesa de renda variável da AVG Capital, destaca que, além da baixa liquidez, um movimento de correção também afeta o Ibovespa, que registrou forte alta na última sexta.
Ele cita, ainda, que as curvas de juros futuros estão em alta, fazendo pressão adicional aos negócios. Nesta segunda, os contratos com vencimento em janeiro de 2025 foram de 10,58% para 10,62%, enquanto os para 2027 saíram de 10,36% para 10,40%.
“Isso se reflete principalmente em papéis mais sensíveis às taxas de juros, como as ações de construção civil, que estão operando no terreno negativo e entre as maiores quedas do Ibovespa. Empresas de educação e varejo também sofrem nesse movimento, a maioria também operando em baixa”, afirma Duarte.
As cinco maiores quedas do dia foram de Yduqs (2,55%), Magazine Luiza (2,44%), Eztec (2,17%), Renner (2,14%) e Cogna (1,99%).
Para Nishimura, da Nomos, os juros futuros foram pressionados ligeiramente pela revisão para cima das projeções tanto para o PIB quanto para inflação apontada pelo no Focus.
Na ponta positiva, Vale e B3 tiveram alta de 0,66% e 0,61%, respectivamente, e atenuaram as perdas do do Ibovespa, figurando entre as mais negociadas da sessão.
No câmbio, o dólar foi afetado justamente pela agenda econômica vazia no Brasil e no exterior.
“Nesta curta semana, os mercados de câmbio podem ser relativamente calmos em preparação para os eventos esperados no final de setembro, como as reuniões dos principais bancos centrais”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury. “Os dados macroeconômicos [desta semana] são, em sua maioria, de segunda linha e não devem ter efeitos dramáticos sobre as moedas.”
Na cena global, os mercados continuavam repercutindo dados dos Estados Unidos de sexta-feira que mostraram um aumento na taxa de desemprego para 3,8% e moderação no crescimento dos salários, apontando para um arrefecimento das condições do mercado de trabalho norte-americano, apesar de uma leve aceleração na criação de vagas de emprego.
“Esse afrouxamento [no mercado de trabalho dos EUA] parece ser exatamente o que os membros do Fed queriam ver e concordamos com os mercados em não esperar um aumento [de juros] durante a reunião de setembro”, disse Moutinho, acrescentando que “o calendário de dados desta semana é extremamente leve e poucos deles seriam relevantes o suficiente para mudar essa narrativa”.
Nesse cenário, o dólar registrou queda, após ter acumulado alta de 1,32% na semana passada.