CONTAGEM, MG (FOLHAPRESS) – Única fábrica de construção da Case na América Latina, a unidade de Contagem (MG) recebeu investimentos de US$ 10 milhões (R$ 49,5 milhões, ao câmbio de sexta-feira) para concentrar a produção global de tratores de esteira da marca. Até então, a fabricação das máquinas era dividida entre Brasil e Estados Unidos.

A mudança, válida desde o mês passado, resultou na ampliação da capacidade da linha de produção da unidade mineira, que tem a perspectiva de não sofrer neste ano a queda prevista nas vendas de máquinas de construção, a chamada linha amarela.

A previsão do setor é de que as vendas caiam 14% no ano em relação a 2022, com 34,6 mil unidades vendidas, ante as 39,9 mil comercializadas no ano passado, de acordo com a Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração).

Apesar disso, a entidade avalia 2023 como positivo, já que o ano passado foi considerado fora da curva. Caso o cenário se confirme, será o segundo melhor ano da série histórica, superando 2021 e 2013, que registraram 33 mil máquinas comercializadas.

A montadora optou por deixar Contagem como fonte global da produção dos tratores de esteira em detrimento da fábrica norte-americana devido à capacidade física da planta de absorver a produção e por ser mais atrativa em relação à cadeia de suprimentos, logística de transporte e recursos humanos, de acordo com o executivo Carlos França, líder da Case Construction na América Latina.

“Resolvemos estrategicamente concentrar a produção em Contagem e exportar para o mundo inteiro a partir daqui”, disse. As primeiras unidades já foram embarcadas em julho, tendo como principais destinos Estados Unidos, Europa e Ásia.

A previsão é que a unidade trabalhe de maneira crescente até o final deste ano, estabilizando a produção a partir de 2024. A capacidade de produção com o investimento feito é de 1.100 tratores de seis modelos por ano.

Além de tratores de esteira, a linha amarela inclui equipamentos usados na construção, armazenagem e movimentação de terra, por exemplo, e cada vez mais têm sido utilizados também pelo agronegócio.

A Case pertence à CNH Industrial, que na América do Sul tem outras três fábricas no Brasil, em Sorocaba, Piracicaba e Curitiba, e uma na Argentina, em Córdoba -todas agrícolas.

Além do investimento para concentrar a produção na região metropolitana de Belo Horizonte, outro aporte, de US$ 8,5 milhões (R$ 42 milhões), foi feito para modernização e otimização dos processos na linha de produção.

França afirmou que, diferentemente do mercado, a Case Construction não sentiu a redução nas vendas apontada pela Sobratema. “Não tivemos nenhum tipo de retração em relação [a 2022], está estável no acumulado até julho.”

Isso se deve, em parte, à maior presença do agronegócio no mercado de máquinas de construção. Há 20 anos, o setor representava 5% dos negócios da empresa, índice que atualmente é de 20%.

O PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária segue acelerado neste ano, em relação ao anterior. A evolução acumulada no primeiro semestre foi de 17,9%, em comparação a janeiro e junho de 2022.

“Hoje você não vê uma propriedade rural sem uma retroescavadeira ou uma pá carregadeira. Os produtos de construção entram em quase todas as etapas do processo”, afirmou França.

A marca lançou no último mês uma nova retroescavadeira, modelo 580N Series 2HD, com novos opcionais, conectada e com melhorias de conforto e segurança para o operador, para ser utilizada justamente na agricultura, na construção civil e em projetos de infraestrutura.

OPORTUNIDADES NO PAC

O executivo disse ver com bons olhos o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) lançado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que, do R$ 1,7 trilhão de investimentos previstos, R$ 1,5 trilhão contempla diretamente as áreas de atuação da empresa.

“O mercado precisava de algumas sinalizações positivas por parte do governo. Não que o mercado estivesse ruim antes do anúncio do PAC, o mercado deste ano deve ser o segundo maior da série histórica de equipamentos de construção no Brasil. Então ainda é um mercado muito aquecido. Mas a gente via que o mercado estava demandando anúncios do governo já passados sete meses relacionados a investimentos. E o PAC pelo menos tenta ser de uma forma estruturada”, disse.

França afirmou ainda que as PPPs (Parcerias Público-Privadas) e as concessões são bem-vindas, já que o mercado quer investir.

CNH Industrial

Fundação: 2013 como CNH Industrial, que abrange marcas como Case, de 1842, e New Holland, de 1895

Receita: US$ 23,6 bilhões (2022), dos quais 76% se referem ao segmento agrícola; construção representou 15% e serviços financeiros, 9%

Investimento em pesquisa e desenvolvimento: US$ 1 bilhão (2022)

Fábricas no mundo: 38

Número de funcionários: 40 mil no mundo, sendo 8.500 no Brasil; a unidade de Contagem (MG) emprega 1.600

Principais concorrentes: John Deere, AGCO, Caterpillar e Volvo

O jornalista viajou a convite da Case Construction.