BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) general Gonçalves Dias disse nesta quinta-feira à CPI do 8 de janeiro que teria atuado com mais rigidez para evitar os ataques golpistas se soubesse da ineficiência dos agentes de segurança que atuavam na proteção da Esplanada dos Ministérios.
“Tendo conhecimento agora das sequências dos fatos, também da ineficiência dos agentes que atuavam na execução do Plano Escudo, seria mais duro do que fui na repressão. Faria diferente, embora tenha plena certeza de que envidei todos os esforços e ações”, disse o militar, conhecido como GDias.
GDias, como o militar é conhecido foi chamado após pressão da ala bolsonarista da CPI. Ele disse à comissão que houve falhas na execução no “Plano Escudo” de defesa do Palácio do Planalto.
“O consórcio de ações e inações das forças policiais que não foram eficazes no cumprimento de atividades previstas no PAI [Protocolo de Ações Integradas, elaborado pela área de segurança do governo do Distrito Federal] levou àqueles eventos”, disse.
O general se demitiu em abril do comando do GSI após a divulgação de imagens que o mostraram circulando no Planalto, na presença de golpistas. Ele afirma que estava encaminhando os invasores ao 2° andar do palácio, onde seriam presos.
“Saí por causa da divulgação imprecisa e desconexa de vídeos gravados no interior do Palácio do Planalto”, afirmou GDias.
O militar ainda tem dito que não recebeu informes de inteligência sobre possíveis ataques no 8 de janeiro.
O ex-diretor-adjunto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Saulo Moura da Cunha, porém, mostrou à CPI imagens que provam o envio a GDias, em mensagens de celular, de informações sobre a mobilização golpista.
A Abin chegou a citar, em relatório, que o general da reserva havia recebido os alertas. O militar mandou alterar o documento, como revelou a Folha.
“Eu trocava mensagens esporádicas com o senhor Saulo. Usava o Whatsapp do telefone pessoal. Em minha avaliação, essa troca de mensagens em aplicativo aberto de celular pessoal, não corresponde à forma de comunicação correta e institucional para transmissão de informações sensíveis sobre segurança nacional”, disse ele.
“Não mandei ninguém adulterar nada, nenhum documento”, disse ele sobre a retirada de seu nome do relatório da Abin.
GDias disse que recebeu informações divergentes na manhã do dia 8. Ele afirma que Cunha, da Abin, falou sobre a possibilidade de aumento dos protestos, enquanto interlocutores da PM do DF e do próprio GSI disseram que a situação estava controlada.