Refúgio de famosos, local nas Ilhas Virgens Britânicas é reflexo de excentricidades de seu dono

Foto:  Divulgação

A lista de famosos é extensa: Nelson Mandela, Bill Gates, Kate Moss e Jimmy Carter, entre tantos que aparecem em fotos nas áreas comuns do hotel.

O local reúne histórias que o dono e seus funcionários adoram contar. A mais antiga é a da compra, em 1979. Um ano antes, o então jovem empresário dono de gravadora e rede de lojas de disco soube que uma ilha estava à venda no país que tinha o mesmo nome de sua empresa, Virgin.

Ele foi até Necker com sua namorada, a quem queria impressionar, admite. Ofereceu US$ 100 mil, proposta recusada pelo proprietário, que pediu US$ 6 milhões. Um ano depois, o dono, em dificuldade financeira, procurou Branson e aceitou a oferta de US$ 180.000, com a condição de que um hotel fosse construído.

A namorada, Joan Templeman, virou esposa, e o casamento foi festejado na ilha 11 anos após aquela viagem de 1978. Outros matrimônios, de amigos do empresário, foram celebrados no hotel, como o do também bilionário e cofundador do Google Larry Page, em 2007.

Nessa festa, Branson conheceu um tal de Elon Musk. “O menino já era esperto”, lembra sobre o dono da Tesla e seu rival na corrida espacial privada, que a dupla e o outro bilionário Jeff Bezos travam. “Mas ele [Musk] tem um ponto de vista muito diferente do meu”, completa sobre polêmicas que o novo dono do Twitter (ou X) se mete.

Branson prefere as extravagâncias, tais como tentar dar a volta ao mundo de balão, voar para o espaço, ter uma ilha e fazer dela um negócio. Antes de o bilionário chegar, Necker era só mais um paraíso perdido no Caribe. A paisagem que encanta, a vista para o mar turquesa de temperatura agradável e a atmosfera de oásis já estavam lá. As digitais do dono vieram depois e ficaram por toda a parte.

Uma delas é a pegada sustentável, com toda a contradição de ser um destino acessível somente após muitas horas de voo, principalmente em jatinhos privados queimando querosene no ar.

Não há voos comerciais diretos do Brasil para Tortola, capital das Ilhas Virgens Britânicas. O caminho mais prático, com uma conexão, é por Miami. Qualquer outra opção, seja por Panamá, Colômbia,
Republica Dominicana, terá, no mínimo, duas paradas.

Quem chega de jatinho ou em voo comercial precisa percorrer ainda um trajeto que leva 15 minutos em uma lancha, de Tortola até a ilha de Branson. “Bubbles (borbulhas)?”, indagam as funcionárias do resort ao oferecer champanhe no embarque.

De longe, é possível diferenciar a ilha das outras pelas duas gigantes turbinas eólicas instaladas. Elas e os 1.230 painéis solares garantem 90% da energia do local.

Na chegada, num deque rosa, o estafe orienta pelo exemplo: o hotel é de luxo, mas estamos numa ilha, e o dress code é de roupas leves, bermuda, camiseta e chinelos ou tênis.

Passar o tempo em Necker é responder algumas vezes por dia se tudo vai bem, se você quer beber e comer algo ou se pretende realizar uma das atividades oferecidas. Todos parecem se esforçar para confirmar suas expectativas. Mas o hotel é também uma casa. E, como costuma ser, tem a cara e os gostos do dono.

Estamos no Caribe, nas Ilhas Virgens Britânicas, mas não há nada que impeça o empresário de replicar em todas as instalações do local uma arquitetura de Bali que fica a mais de 18 mil quilômetros de distância. A memória do primeiro destino que o encantou como viajante fez o empresário pedir uma decoração inspirada na ilha da Indonésia.

Impossível também não conviver com lêmures, animais de Madagascar, que vivem livres no local desde 2010. Branson conta que temia pelas espécies de primatas que estão em extinção e são caçadas no seu país de origem.

O plano recebeu críticas de ecólogos. Porém, o governo local liberou, os animais se reproduziram e a administração do hotel diz que se adaptaram ao habitat local.

Fonte: Folha Press/ Folha de São Paulo