Da Redação

Os moradores de Goiânia encerram 2025 com o orçamento cada vez mais apertado e devem atravessar o início de 2026 sob o mesmo cenário. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostram que o cartão de crédito se consolidou como o principal fator por trás do avanço das dívidas na capital, presente em mais de 65% dos lares endividados.

O levantamento indica que 74,7% das famílias goianienses tinham algum tipo de dívida em dezembro de 2025, período marcado por maior consumo. Isso representa cerca de 416 mil residências. Apesar de uma leve queda em relação a novembro, o índice segue elevado e distante do patamar observado no mesmo mês do ano anterior, quando o percentual era de 62,3%.

Mais preocupante do que a quantidade de famílias endividadas é o perfil dessas dívidas. A predominância do cartão de crédito aponta que grande parte dos compromissos financeiros está ligada a gastos básicos do dia a dia, como alimentação, contas domésticas e despesas recorrentes, e não a aquisições estruturais ou investimentos de longo prazo.

Comprometimento da renda freia consumo

A pesquisa revela que o peso das dívidas sobre o orçamento familiar é significativo. Mais da metade das famílias compromete entre 11% e 50% da renda mensal com pagamentos financeiros. Outras 11,4% destinam mais de 50% dos rendimentos para quitar dívidas. Em média, 25,7% da renda das famílias de Goiânia já está comprometida.

Esse cenário limita o poder de compra e tende a impactar diretamente o comércio e o setor de serviços, que dependem do consumo das famílias para manter o ritmo da atividade econômica.

Contas em atraso atingem nível recorde

A inadimplência também avançou de forma expressiva. Segundo a PEIC, 42,7% das famílias da capital possuem dívidas em atraso, o que representa um crescimento de 5,4 pontos percentuais em um ano. Em números absolutos, são 237.505 lares nessa situação, o maior volume recente registrado em Goiânia.

O dado reforça a percepção de que o endividamento vem se transformando, gradualmente, em dificuldade real de pagamento, impulsionado pelo uso intensivo de linhas de crédito com juros elevados.

Outro indicador que chama atenção é o da insolvência declarada. Quase um quarto das famílias, 24,7%, afirma que não conseguirá quitar as dívidas vencidas no próximo mês. Em dezembro de 2024, esse percentual era de 20,5%. Ao todo, 137.310 famílias se encontram nessa condição, o que aumenta o risco de restrição ao crédito, ações judiciais e retração forçada do consumo.

Dívidas antigas mantêm ciclo de inadimplência

Entre os lares inadimplentes, o atraso costuma ser prolongado. Mais da metade das famílias está com contas vencidas há mais de 90 dias. Apenas 13,6% acumulam atrasos inferiores a 30 dias. O tempo médio de inadimplência chega a 71 dias, índice que sobe para 73 dias entre famílias com renda de até dez salários mínimos.

Os números mostram que, sem alívio no custo do crédito ou recuperação mais consistente da renda, o endividamento tende a seguir pressionando o cotidiano das famílias goianienses e a economia local ao longo de 2026.