A REDAÇÃO
Os danos decorrentes do atentado ocorrido em 22 de maio de 2017, ao final de um show na Manchester Arena, serão indenizados pela administradora do local, SMG Europe Holdings, pela empresa de gestão de multidões Showsec International Ltd, pela Polícia da Grande Manchester (GMP) e pela Polícia de Transportes Britânica (BTP). De acordo com os advogados envolvidos no processo, todas as organizações formalizaram pedidos de desculpas às famílias das vítimas fatais e aos sobreviventes do ataque.
Após a audiência que resultou no acordo, os pedidos de indenização de outras 352 pessoas ainda serão negociados. Entre os requerentes estão adultos legalmente capazes, incluindo familiares das 22 vítimas que morreram no atentado terrorista, considerado um dos mais graves já registrados no Reino Unido.
Ao se pronunciar sobre o caso, o juiz Nigel Bird destacou que todos os processos compartilham um mesmo ponto central: os ferimentos e perdas causados por um único ato de terrorismo. Segundo ele, o impacto do ataque ultrapassa qualquer cálculo financeiro. O magistrado afirmou que 22 vidas inocentes foram perdidas e que inúmeras outras foram profundamente afetadas, ressaltando que o cuidado e o amor dedicados por familiares às vítimas feridas não podem ser mensurados em termos monetários. Bird também prestou homenagem à coragem e à resiliência das famílias, afirmando que a determinação demonstrada por elas contribuiu para mudanças que podem evitar tragédias semelhantes no futuro.
Os três principais escritórios de advocacia que representam os demandantes — Hudgell Solicitors, Slater & Gordon e Broudie Jackson Canter — divulgaram uma declaração conjunta após o acordo. No texto, os advogados afirmaram que o momento não representa uma celebração, mas sim o reconhecimento dos erros cometidos e do sofrimento vivido pelos clientes ao longo de mais de oito anos. Segundo eles, a força demonstrada pelas famílias foi fundamental para que o acordo fosse alcançado, e agora a expectativa é que todas as partes envolvidas cumpram o compromisso de evitar a repetição das falhas identificadas. A nota também descreve como um privilégio a atuação em nome dos clientes e deseja que eles encontrem paz e força para seguir adiante.
O caso também influenciou mudanças na legislação britânica. Em abril de 2025, foi aprovada a chamada Lei de Martyn, oficialmente denominada The Terrorism (Protection of Premises) Act 2025. A legislação recebeu esse nome em referência à campanha liderada por Figen Murray, mãe de Martyn Hett, uma das vítimas do atentado. A família de Hett chegou a declarar publicamente frustração com a atuação do MI5, o serviço de segurança do Reino Unido, no contexto do ataque.
A nova lei estabelece medidas obrigatórias de prevenção ao terrorismo em espaços públicos. Locais com capacidade superior a 200 pessoas passam a ser obrigados a adotar treinamentos de evacuação, enquanto aqueles que comportam mais de 800 pessoas deverão implementar sistemas de monitoramento por câmeras, manter equipes de segurança estruturadas e realizar avaliações preventivas de risco. As exigências, no entanto, só entrarão em vigor após um período mínimo de 24 meses, destinado à adaptação dos estabelecimentos às novas normas.






