Da Redação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou o tom contra a Venezuela e afirmou que uma guerra com o país sul-americano não está fora de cogitação. Em entrevista concedida por telefone à NBC News, o republicano disse que não exclui uma escalada militar e indicou que novas ações já estão em curso.
Além da retórica mais agressiva, Trump anunciou que o governo americano pretende intensificar a apreensão de navios petroleiros nas proximidades das águas venezuelanas. Segundo ele, embarcações que insistirem em navegar pela região poderão ser desviadas para portos dos Estados Unidos.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de seu objetivo ser a derrubada de Nicolás Maduro, o presidente evitou uma resposta direta e afirmou apenas que o líder venezuelano tem plena consciência das intenções da Casa Branca. A entrevista foi divulgada nesta sexta-feira, 19.
Na véspera, aeronaves militares americanas realizaram voos próximos ao litoral de Caracas, reforçando o clima de tensão. As movimentações fazem parte de um cerco progressivo ao regime chavista, que se intensificou nos últimos dias.
Na semana anterior, autoridades dos EUA interceptaram um navio petroleiro próximo à costa venezuelana. Pouco depois, Trump determinou um bloqueio praticamente total a petroleiros sujeitos a sanções americanas que operam na região, o que restringe severamente o fluxo de exportação de petróleo do país.
O governo de Maduro reagiu com dureza, classificando as medidas como irracionais e uma ameaça grave à soberania nacional. As Forças Armadas venezuelanas também reafirmaram publicamente apoio ao presidente.
Na prática, o bloqueio dificulta a circulação da maioria dos cargueiros de petróleo, com exceção de operações ligadas à empresa americana Chevron. Como detentora das maiores reservas de petróleo do planeta, a Venezuela depende fortemente da exportação da commodity para sustentar sua economia e o próprio regime.
Desde o início de setembro, tropas americanas, sob orientação do secretário de Defesa Pete Hegseth, ampliaram operações militares no Caribe e no Pacífico. Washington acusa o governo venezuelano de envolvimento com o tráfico internacional de drogas, embora não tenha apresentado provas públicas.
Nos últimos dias, ataques contra embarcações na região deixaram vítimas fatais. Na quinta-feira, 18, cinco pessoas morreram em uma ofensiva, enquanto outras quatro haviam sido mortas no dia anterior. De acordo com balanços preliminares, ao menos cem pessoas já perderam a vida desde o início das operações.
Paralelamente, os Estados Unidos deslocaram entre 12 mil e 16 mil militares para a área, além de caças, navios de guerra e o porta-aviões USS Gerald Ford, o maior do mundo. Para Maduro, o discurso de combate ao narcotráfico serve apenas como justificativa para uma tentativa de mudança de regime.
Diante do avanço das ações americanas, a Venezuela solicitou a convocação do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que chamou de agressões contínuas dos EUA. A reunião está prevista para a próxima terça-feira, 23, embora qualquer resolução favorável a Caracas seja improvável, já que Washington possui poder de veto no órgão.





