Da Redação
A Polícia Federal incluiu o senador Weverton Rocha (PDT-MA) no rol de suspeitos de um complexo esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. Segundo os investigadores, o parlamentar teria sido o destinatário final dos ganhos ilícitos e atuado como sócio oculto da organização criminosa, recebendo vantagens financeiras por meio de terceiros, entre eles assessores de seu gabinete.
Apesar do pedido de prisão encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, o ministro André Mendonça decidiu negar a medida. A Procuradoria-Geral da República também se manifestou contra a prisão, ao avaliar que o conjunto de provas ainda não é suficiente para sustentar uma medida extrema.
Na decisão, Mendonça reconheceu que a PF reuniu indícios relevantes de possível envolvimento do senador com o esquema, inclusive apontando proximidade com integrantes do grupo investigado e eventual benefício financeiro decorrente dos descontos associativos fraudulentos. Ainda assim, o ministro concluiu que, neste estágio da apuração, não há base sólida para decretar a prisão preventiva.
A PGR argumentou que as suspeitas apresentadas estão apoiadas em inferências que ainda carecem de consolidação. Para o órgão, não ficou comprovado até agora um vínculo direto entre Weverton e a execução das fraudes, tampouco o recebimento comprovado de valores ilícitos. O fato de ex-assessores aparecerem como beneficiários de movimentações financeiras irregulares, segundo a Procuradoria, não autoriza automaticamente a responsabilização do senador sem elementos objetivos que o conectem aos crimes.
Mendonça também ponderou que a prisão de um parlamentar em exercício produz impactos institucionais relevantes, por comprometer o desempenho do mandato. Segundo ele, decisões dessa natureza exigem cautela redobrada, ainda mais em um contexto no qual a atuação do investigado está sob intenso escrutínio público, o que reduziria o risco de interferência nas investigações.
Mesmo com a negativa da prisão, a nova fase da Operação Sem Desconto avançou sobre o núcleo político do caso. Agentes da PF cumpriram mandado de busca na residência do senador em Brasília nesta quinta-feira (18). No mesmo desdobramento, foi determinada a prisão preventiva do secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, ex-assessor de Weverton, que cumprirá a medida em regime domiciliar.
De acordo com a Polícia Federal, os principais operadores do esquema mantinham relações estreitas com agentes políticos, especialmente com Weverton, apontado como peça central de sustentação política do grupo. Essa proximidade, segundo os investigadores, teria ampliado a capacidade de influência e oferecido proteção institucional à organização criminosa.
A operação também identificou movimentações financeiras suspeitas envolvendo Adroaldo, seu filho, que atua no gabinete do senador, e a chefe de gabinete do Ministério da Previdência. Ao todo, foram expedidos 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão, autorizados pelo STF em ação conjunta da PF com a Controladoria-Geral da União.
Durante as diligências, os agentes apreenderam armas de fogo, incluindo pistola, carabina e fuzil, além de dinheiro em espécie, veículos de luxo e relógios de alto valor. Entre os presos está Romeu Carvalho Antunes, filho do empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS. A defesa de Romeu não se manifestou até a publicação.
Os investigadores também encontraram, em conversas de assessores ligados ao Careca do INSS, uma planilha intitulada “Grupo Senador Weverton”, interpretada pela PF como indício de suporte político que teria facilitado o enriquecimento ilícito do empresário. Outros alvos da operação incluem Éric Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis. Antonio Carlos Camilo Antunes está preso desde setembro, e André Fidelis desde novembro.
Líder do PDT no Senado e vice-líder do governo Lula, Weverton passou a ser citado por integrantes da CPI do INSS após a identificação de pessoas próximas a ele nas investigações. Em nota, o senador afirmou ter recebido com surpresa a realização de buscas em sua residência e declarou que está à disposição para prestar esclarecimentos assim que tiver acesso integral à decisão judicial.






