Walison Veríssimo
Enquanto a maioria dos pré-candidatos ao governo de Goiás concentra esforços em regiões consideradas eleitoralmente estratégicas, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) tem seguido um caminho distinto. Em vez de deixar os municípios do interior em segundo plano, o emedebista intensificou a presença nessas cidades e passou a chamar a atenção de prefeitos, que já percebem uma mudança no seu perfil político.
Nos bastidores, a avaliação é de que Daniel tem se sentido cada vez mais confortável ao assumir o comando do Estado de forma interina, sobretudo no momento em que o governador Ronaldo Caiado se dedica à construção de um projeto nacional com foco na Presidência da República. Esse novo cenário teria levado o vice a adotar uma postura mais ativa, com olhar voltado para uma possível condução definitiva do Executivo estadual.
A maior circulação de Vilela pelo interior pode, à primeira vista, ser interpretada como um movimento puramente eleitoral. No entanto, esse tipo de estratégia não foge à lógica da política goiana. Historicamente, líderes que almejam se fortalecer para disputas futuras buscam ampliar diálogo e presença em municípios onde antes não tinham tanta proximidade.
Experiências do passado ajudam a contextualizar esse movimento. Durante sua primeira gestão, iniciada em 1999, o ex-governador Marconi Perillo também investiu na aproximação com prefeitos de diferentes siglas, inclusive aqueles sem alinhamento direto com o Palácio das Esmeraldas. A estratégia foi um dos fatores que pavimentaram sua reeleição anos depois.
No caso de Daniel Vilela, programas sociais do governo estadual têm servido como principal ponte com o interior. O Goiás Social, por exemplo, tornou-se um instrumento de fortalecimento político e institucional. Em passagem recente por Caldas Novas, no último sábado (13), o vice-governador ressaltou a importância de levar os serviços públicos diretamente à população, especialmente nas cidades mais distantes da capital.
Durante o evento, Daniel destacou que o programa integra ações de diversos órgãos do Estado e reforçou o compromisso de ampliar o acesso da população a serviços gratuitos. Segundo ele, a proposta é facilitar a vida dos cidadãos ao concentrar atendimentos em um único espaço, reduzindo burocracias e deslocamentos.
Para o mestre em História e especialista em Políticas Públicas Tiago Zancopé, esse tipo de movimentação faz parte da dinâmica natural da política estadual. Ele explica que a busca por diálogo com prefeitos de diferentes partidos sempre esteve presente nas gestões goianas, especialmente em períodos pré-eleitorais.
Zancopé lembra que Marconi Perillo adotou postura semelhante ao se aproximar de sua reeleição e avalia que o contexto atual favorece a atuação mais independente de Daniel Vilela. Com Caiado projetando uma candidatura nacional em 2026, o vice passa a construir suas próprias bases políticas para o próximo ciclo eleitoral.
Na avaliação do historiador, a tendência é que Daniel mantenha protagonismo crescente e dê continuidade à gestão estadual em um cenário fiscal considerado favorável. Para ele, o movimento do vice não apenas segue a tradição política de Goiás, como também reflete a reorganização natural do poder diante das ambições nacionais do atual governador.






