DOUGLAS GRAVAS
SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) – Os chilenos já começaram a decidir, na manhã deste domingo (14), quem será o próximo presidente do país a partir de 2026.
Às 18h, se encerra a disputa nas urnas entre o ex-deputado José Antonio Kast (Partido Republicano) e a ex-ministra Jeannette Jara (Partido Comunista).
Enquanto aguardam os resultados, os candidatos a suceder Gabriel Boric a partir de março do ano que vem devem passar a tarde com suas famílias e se reunir com suas militâncias no fim do dia.
O domingo, de baixa temperatura e chuvas em partes do país, define uma corrida intensa pelo Palácio La Moneda.
Jara terminou a primeira parte desse confronto, em novembro, na liderança, mas as pesquisas dão vantagem a Kast neste segundo turno.
Nesta manhã, autoridades esvaziaram um local de votação em Valparaíso, devido a um alerta de bomba. A polícia retirou as pessoas que estavam no local. Até o momento, as autoridades policiais não encontraram nenhum artefato explosivo.
No sábado (13), quando a proibição de veiculação de propaganda já estava vigente, o clima era tranquilo no centro da capital chilena e a eleição deste domingo perdia espaço nas rodas de discussão para as compras de Natal.
Entre turistas visitando a Catedral da cidade e o comércio movimentado, a sensação de andar pelas ruas que circundam o palácio La Moneda na véspera do confronto definitivo entre o ultradireitista e a comunista não era muito diferente de um sábado ensolarado no centro de São Paulo ou de Buenos Aires.
“Não vou dizer em quem voto, mas estou esperançoso de que o próximo governo irá levar o Chile adiante. Temos um lindo país e, com todas as nossas diferenças, vamos compartilhar o mesmo território no dia seguinte e precisamos nos respeitar”, diz o guia turístico Malwin Benevinos, 33, enquanto aguarda um grupo de turistas na praça de Armas.
O dia promete ser intenso para os chilenos, já que o voto voltou a ser obrigatório. Embora o primeiro turno tenha transcorrido sem grandes incidentes, o dia foi marcado por longas filas e demora em algumas cabines de votação.
No segundo turno, sem a necessidade de votar para o Legislativo, a tendência é de menos demora.
De acordo com o Servel (Serviço Eleitoral do Chile), quase 15 milhões de cidadãos estão aptos para votar no Chile e no exterior. A autoridade eleitoral prevê que os resultados preliminares já poderão ser conhecidos a partir das 20h.
As multas para os eleitores ausentes e que não cumprirem com algum dos motivos aceitos para não votar (como doença, estar fora do país ou a pelo menos 200 quilômetros do local de votação) vão de 30 mil a 130 mil pesos chilenos (de R$ 108 a R$ 611).
Kast votou por volta das 10h em Paine. “É muito emocionante estar hoje aqui, acompanhado de minha mulher, de deputados eleitos e de amigos que expressam seu carinho. É um grande dia para o Chile, é um dia para a cidadania e que ele seja tranquilo e pacífico”, disse o candidato aos jornalistas.
“O Chile tem uma tradição e quem ganhar será o presidente de todos os chilenos. Os temas que nos preocupam não têm cor política, podemos ter diferenças, mas isso não deve afetar a população”, afirmou ao responder sobre como seria a transição de governo com Gabriel Boric, caso seja eleito.
Kast irá acompanhar a contagem dos votos em seu comitê de campanha na região leste de Santiago. Caso as urnas confirmem o que apontam as pesquisas e ele vença a Presidência, está previsto um discurso de vitória em um palco montado na moderna comuna de Las Condes.
Jara votou no início da tarde em Conchalí (norte de Santiago), foi caminhando até o colégio Poeta Federico García Lorca, onde ela estudou na juventude. No percurso, acompanhada de sua família e de políticos aliados, parou para tirar fotos com apoiadores.
“Foi um caminho longo, após um ano que começou com vitória para o Chile, com a aprovação da reforma da Previdência para incluir mais beneficiados, o que muito me orgulha. Ganhamos as primárias, o primeiro turno e agora os chilenos vão se pronunciar no segundo turno. Ninguém será excluído no nosso país, vamos construir uma pátria com esperança”, disse.
“Para falar do legado do governo é preciso perguntar ao governo, eu falei durante a campanha sobre meu legado como ministra, como redução da jornada de trabalho, recuperação de empregos e redução da informalidade. O que me interessa é o futuro do Chile nos próximos quatro anos”, afirmou, em resposta a uma jornalista.
Mais cedo, a candidata denunciou em suas redes sociais uma empresa de distribuição de gás por supostamente enviar mensagens a favor de Kast, por meio de um aplicativo. Em uma publicação no X, a ex-ministra afirmou que entrará com uma queixa ao Serviço Eleitoral. “Tais intervenções e o uso indevido de dados pessoais em eleições são uma ameaça à democracia”, escreveu.
Para acompanhar a contagem dos votos, ela irá à sede do Partido Socialista, onde outros líderes dos partidos da coalizão governista se reunirão.






