A REDAÇÃO
O cinema americano vive um período de incertezas, marcado pela perda de espaço dos estúdios tradicionais diante do avanço das plataformas de streaming e por um ambiente que muitos profissionais descrevem como estagnado. Nesse cenário, Dakota Johnson encontrou motivos para renovar o entusiasmo pela sétima arte durante sua participação no Red Sea International Film Festival, realizado em Jeddah, na Arábia Saudita, no início deste mês. Convidada para um painel sobre mulheres no cinema, a atriz destacou a vitalidade da produção local e afirmou que pretende aplicar em sua própria produtora algumas das experiências observadas no evento. Segundo declarou ao site Far Out Magazine, ela se sentiu inspirada pela atitude dos cineastas presentes e pela disposição em experimentar, algo que, em sua avaliação, tem sido raro nos Estados Unidos. Dakota afirmou que o ambiente norte-americano parece dominado pelo medo e pela busca pelo caminho mais seguro, o que, para ela, tem resultado em obras pouco ousadas e pouco atraentes.
As declarações chamam atenção porque a Arábia Saudita passou décadas sem cinemas. Por 35 anos, o país proibiu exibições públicas devido ao conservadorismo religioso que ganhou força nos anos 1980, colocando salas de cinema entre os espaços considerados inadequados. Mesmo sem acesso ao público local, a produção audiovisual saudita continuou existindo de forma limitada. Um dos marcos desse período foi o filme Wadjda, lançado em 2012, primeiro longa inteiramente rodado no país. A obra chegou a ser escolhida como representante saudita no Oscar, apesar de não poder ser exibida internamente, mas acabou não avançando na disputa.
A retomada das salas aconteceu apenas em 2017, quando o governo autorizou a reabertura do setor a partir do ano seguinte. O primeiro filme exibido oficialmente após a suspensão foi Pantera Negra, em abril de 2018, marcando uma nova fase para o mercado local. Desde então, o país vem investindo na expansão de sua infraestrutura cultural, com planos de construir mais de duas mil salas até 2030. O próprio Red Sea International Film Festival é resultado dessa reabertura. Criado em 2019, teve sua primeira edição adiada pela pandemia e só estreou em 2021. A quinta edição ocorre entre os dias 4 e 13 de dezembro, reunindo artistas, produtores e profissionais do mundo todo.






