SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A polícia prendeu um dos suspeitos de participação no roubo de obras de arte da biblioteca municipal Mário de Andrade, na região central de São Paulo, ocorrido no domingo (7).
Felipe dos Santos Fernandes Quadra, 31, havia sido identificado pelos agentes após aparecer em vídeo de câmeras de segurança do Smart Sampa, o programa de monitoramento da prefeitura, carregando peças para fora da unidade.
Segundo a polícia, o suspeito foi preso em uma ocupação na Mooca, na zona leste, na tarde desta segunda (8). A polícia não encontrou os quadros roubados no local, na avenida Alcântara Machado.
Quadra já teria registros policiais de roubo e tráfico de drogas, de acordo com informações do Tribunal de Justiça.
Segundo a advogada Glória Oliveira, Quadra é usuário de drogas. Ela afirmou ainda não ter conseguido conversar com ele, mas confirmou que o preso é realmente quem aparece nas imagens.
Ela não soube informar quem teria encomendado os objetos ou se Quadra recebeu algum valor.
A advogada disse ainda que Quadra não ficou com as imagens, que teriam sido levadas por outra pessoa.
Ao todo, 13 obras de arte foram roubadas: oito gravuras de Henri Matisse, que fazem parte do livro “Jazz”, e cinco de Portinari, que ilustram a obra “Menino de Engenho”, de José Lins do Rego, com edição lançada em 1959 pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil.
As obras roubadas faziam parte da exposição “Do Livro ao Museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”, que aborda a formação da arte moderna no Brasil, com entrada gratuita e encerramento marcado para este domingo.
O valor total das obras roubadas pode chegar a R$ 4,5 milhões. As oito gravuras de Matisse valeriam cada uma cerca de R$ 500 mil, e R$ 100 mil cada uma, no caso do brasileiro, de acordo com especialistas do mercado de arte.
Isso não significa que os ladrões possam vender os trabalhos por esses valores na esquina mais próxima afinal, são peças reconhecidíssimas vindas de um roubo que não sai do noticiário.
O lado positivo para os ladrões é que, ao contrário de uma obra única, gravuras são muito mais difíceis de rastrear no emaranhado do mercado, já que são reproduções de uma mesma obra, não uma pintura ou desenho que tem só uma versão, a original. Um comprador mal-intencionado, que não se importe com a procedência criminosa da peça, poderia se interessar.
Os invasores renderam uma segurança, que estaria desarmada, e um casal que visitava a exposição. Eles usaram uma sacola de lona para levar as obras e fugiram pela porta principal, em direção ao metrô Anhangabaú.
O caso é investigado pela 1ª Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas).
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Polícia Federal, informou a Interpol (Polícia Internacional) sobre o roubo das obras de arte. A intenção é evitar que os criminosos consigam enviar as gravuras para fora do país.
No documento encaminhado às autoridades federais e internacionais no domingo, a prefeitura anexou material contendo informações e registro fotográfico sobre todas as obras roubadas.
A Interpol tem um aplicativo e um banco de dados global para auxiliar na busca e recuperação de obras de arte roubadas.
A gestão Ricardo Nunes (MDB) também comunicou o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), através do CBMD (Cadastro Nacional de Bens Musealizados Desaparecidos), e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), por meio do Banco de Bens Culturais Procurados. Além disso, a prefeitura comunicou também a AGAB (Associação de Galeria de Artes do Brasil).
IMAGENS DO ROUBO
As imagens do Smart Sampa mostram o momento em que os homens descem de uma van estacionada e caminham pela rua João Adolfo, nas proximidades da biblioteca, por volta das 10h de domingo. Eles olham para os lados como se checassem a movimentação ao redor.
No vídeo, é possível ver que um deles, de camiseta clara, pega gravuras que estavam na van estacionada e caminha pela rua. O outro, de roupa escura, sai do veículo com algo parecido com um papel na mão.
O homem de camiseta clara carrega as obras maiores. As imagens mostram que ele as coloca no chão, encostadas em um muro e ao lado de uma pilha de lixo. Depois, sai apressado. Enquanto isso, o outro suspeito, de blusa escura, passa ao lado e segue em frente.
Após parte das obras serem deixadas no chão, as imagens são interrompidas e não é possível saber se elas foram resgatadas por alguém ou se o próprio suspeito voltou para buscá-las.
O veículo utilizado na fuga foi localizado, apreendido e encaminhado para perícia técnica. As investigações continuam para identificar o segundo envolvido e localizar as obras roubadas.



