SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Felipe dos Santos Fernandes Quadra, 31, preso nesta segunda-feira (8) sob suspeita de roubar obras de arte da biblioteca municipal Mário de Andrade, no centro de São Paulo, não ficou com as peças, de acordo com a sua defesa.
A advogada Glória Oliveira afirmou que as obras teriam sido levadas por outra pessoa.
Glória disse que Quadra é usuário de drogas e que não havia conseguido conversar com ele sobre a prisão. Ela confirmou que o preso é realmente a pessoa que aparece em imagens registradas por câmeras de segurança.
Ele foi identificado pela polícia após aparecer em vídeo de câmeras do Smart Sampa, o programa de monitoramento da prefeitura, carregando peças para fora da unidade.
As imagens mostram o momento em que os homens descem de uma van estacionada e caminham pela rua João Adolfo, nas proximidades da biblioteca, por volta das 10h de domingo (7). Eles olham para os lados como se checassem a movimentação ao redor.
No vídeo, é possível ver que um deles, de camiseta clara, pega gravuras que estavam na van estacionada e caminha pela rua. O outro, de roupa escura, sai do veículo com algo parecido com um papel na mão.
O homem de camiseta clara carrega as obras maiores. As imagens mostram que ele as coloca no chão, encostadas em um muro e ao lado de uma pilha de lixo. Depois, sai apressado. Enquanto isso, o outro suspeito, de blusa escura, passa ao lado e segue em frente.
Após parte das obras serem deixadas no chão, as imagens são interrompidas e não é possível saber se elas foram resgatadas por alguém ou se o próprio suspeito voltou para buscá-las.
De acordo com a polícia, o homem foi preso em uma ocupação na Mooca, na zona leste –seu celular foi apreendido. A polícia não encontrou os quadros roubados no local.
Quadra já teria registros policiais de roubo e tráfico de drogas, de acordo com informações do Tribunal de Justiça.
A advogada confirmou que policiais estiveram na casa de Quadra no domingo à noite, mas não o localizaram.
Ela não soube informar se alguém teria encomendado os objetos ou se Quadra recebeu algum valor para cometer o crime.
A advogada afirmou que seu cliente foi orientado a permanecer em silêncio e que ele é uma pessoa simples, sem envolvimento com roubos dessa magnitude.
“Ele não sabia a dimensão do valor econômico das obras e o que realmente significam”, disse Oliveira.
O ROUBO
Na manhã de domingo, dois invasores renderam uma segurança, que estaria desarmada, e um casal que visitava a exposição. Eles usaram uma sacola de lona para levar as obras e fugiram pela porta principal, em direção ao metrô Anhangabaú.
O caso é investigado pela 1ª Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas).
Ao todo, 13 obras de arte foram roubadas: oito gravuras de Henri Matisse, que fazem parte do livro “Jazz”, e cinco de Portinari, que ilustram a obra “Menino de Engenho”, de José Lins do Rego, com edição lançada em 1959 pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil.
As obras roubadas faziam parte da exposição “Do Livro ao Museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”, que aborda a formação da arte moderna no Brasil, com entrada gratuita e encerramento marcado para este domingo.
O valor total das obras roubadas pode chegar a R$ 4,5 milhões. As oito gravuras de Matisse valeriam cada uma cerca de R$ 500 mil, e R$ 100 mil cada uma, no caso do brasileiro, de acordo com especialistas do mercado de arte.
O veículo utilizado na fuga foi localizado, apreendido e encaminhado para perícia técnica. As investigações continuam para identificar o segundo envolvido e localizar as obras roubadas.



