RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Deputados da direita na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), aliados da base de Rodrigo Bacellar, adotaram estratégia de isolar o ex-deputado TH Joias e rechaçar a suposta proximidade com o presidente da Alerj.
A Casa decidiu nesta segunda-feira (8) pela soltura de Bacellar, por 42 votos favoráveis e 21 contrários. A decisão será comunicada ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que havia determinado pela prisão na última quarta (3).
A decisão de Moraes foi baseada em investigação da Polícia Federal que aponta suspeita de envolvimento de Bacellar com o vazamento da operação que prendeu TH Joias, no dia 3 de setembro.
Na véspera da prisão, TH se comunicou com Bacellar através de um celular novo. Na manhã seguinte, no momento em que agentes da PF cumpriam mandado na residência, TH enviou fotos em tempo real para o presidente da Alerj.
TH é acusado de intermediar compra e venda de drogas, armas e equipamentos para o Comando Vermelho.
A defesa de Bacellar nega o envolvimento do deputado com o vazamento.
TH era do MDB (foi expulso após a prisão) e compunha a base aliada do governador Cláudio Castro (PL) e de Bacellar na Alerj. Durante discurso na votação, Alexandre Knoploch (PL), um dos principais aliados de Bacellar, disse que a decisão de Moraes é frágil e que “não faz o menor sentido” vincular o presidente da Alerj à facção.
“Quando o deputado TH esteve aqui existiam inúmeras informações, verdadeiras ou não, sobre ele. Em nenhum momento foi feita medida cautelar. Muitos ficavam de beijinho e abraço com o TH. Jogar culpa em Rodrigo Bacellar e na direita é brincadeira”, afirmou Knoploch.
O deputado também tentou afastar a relação do caso TH com Cláudio Castro (PL). O governador é mencionado na decisão de Moraes no episódio em que exonerou o secretário de Esportes Rafael Picciani para que ele reassumisse mandato na Alerj. O movimento tirou a vaga de TH Joias, que era suplente, e evitou que a Alerj votasse a prisão.
Castro tem afirmado que a exoneração estava prevista antes da prisão de TH.
“O deputado TH Joias, antes da eleição de 2022, procurou um partido para se filiar. O MDB aceitou. Ele fica na suplência desse partido, que faz parte da base do governo. Por que o governador tem que levar a culpa disso? TH Joias foi votado, diplomado e, por causa de uma manobra partidária, estava aqui na Casa. Quero refutar esse argumento que a culpa é do governador Cláudio Castro. Tampouco é do presidente Rodrigo Bacellar.”
Outros parlamentares da base de Bacellar afirmaram que o presidente da Alerj mantinha relação institucional com todos os deputados, incluindo os da esquerda. Bacellar foi reeleito no início do ano para a presidência da Alerj por unanimidade, votação inédita.
Deputados de oposição a Castro apontaram o que seria a ligação do governador com o caso. Eles lembraram que TH foi presidente da comissão de Defesa Civil da Alerj e esteve presente em agendas do governo em batalhões, além de audiências públicas, inclusive sobre o uso de drones por parte das facções, com a presença de secretários.
“TH Joias já chegou na Alerj sofrendo acusações, com várias investigações, e o governador não só manteve o deputado titular nomeado [Rafael Picciani] como convidava o deputado TH para frequentar os quartéis da polícia, formatura, eventos da segurança pública, facilitando a presença desse indivíduo que representava o crime organizado aqui dentro”, afirmou o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL).
O governo Castro foi procurado, mas não respondeu até a publicação deste texto.
“Foi uma votação corporativa. A Alerj vota para salvar um dos seus membros. Mais uma vez, era uma votação muito grave. Tudo o que envolve o TH Joias era muito evidente, e o presidente ficou em contato com ele durante todo o dia e que ele obstruiu a justiça, destruiu provas.”



