BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro das Cidades, Jader Filho, previu orçamento recorde para a execução do Minha Casa Minha Vida no ano eleitoral de 2026, quando o presidente Lula (PT) deve disputar a reeleição. O Ministério conta hoje com R$ 17 bilhões disponíveis, segundo Jader.

Durante café da manhã com jornalistas nesta segunda-feira (8), o ministro descreveu como “muito confortável” o orçamento para o Minha Casa Minha Vida em 2026. O desempenho do programa aponta “tranquilamente” para a meta de 3 milhões de unidades até o fim do próximo ano, acrescentou.

“O orçamento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) do Minha Casa Minha Vida é de R$ 144,5 bilhões. É o maior orçamento da história”, apontou. Esse montante é o reservado pelo fundo para o triênio entre 2026 e 2028.

“Não vai faltar recurso. Essa é a mensagem que a gente tem que passar para vocês”, resumiu. “As pessoas podem fazer o processo de contratação, as empresas podem acreditar no programa que não vai ter nenhum tipo de soluço como aconteceu em alguns momentos no passado”, continuou.

De acordo com Jader Filho, o programa está com um ritmo de 80 mil contratações mensais em novembro deste ano, que pode crescer no próximo ano “devido à tração que o programa está ganhando”.

Essa possibilidade de superar a barreira de 80 mil contratações mensais se deve, em parte, à linha para a classe média, chamada de Faixa 4, criada após pedido do presidente Lula. De acordo com Jader Filho, ela deve atingir 10 mil contratações em março do próximo ano.

Essa faixa se destina a famílias com renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, que com a adesão ao programa conseguem juros melhores.

Na modalidade subsidiada, a faixa 1, que mais custa ao Tesouro Nacional devido aos subsídios orçamentários, a previsão do ministro é entregar entre 30 mil e 40 mil unidades em 2026.

“A gente deve chegar num patamar um pouco maior do que o nosso patamar histórico, que tem sido entre 20 mil e 30 mil por ano. Então a gente talvez ano que vem esteja entregando umas umas 30 mil, umas 40 mil unidades, talvez”, projetou.

O ministro aponta que hoje há 172 mil unidades em obra, das quais 60% devem ser entregues no primeiro semestre de 2026, antes das restrições por causa das eleições do próximo ano.

Para ilustrar o impacto do programa para a economia, o ministro afirma que, em São Paulo, 67% dos lançamentos da construção referm-se ao Minha Casa Minha Vida.

No Brasil, há 1,9 milhão de “casas contratadas”, podendo chegar a 2 milhões em 2026. O déficit habitacional no Brasil é de R$ 5,9 milhões de pessoas, de acordo com os números de 2023.

O ministro disse ainda que as faixas de renda do programa serão reajustadas no início do próximo ano. A faixa 1, cujo teto é de R$ 2.850,00, deverá ser corrigida para cerca de dois salários mínimos.

O ministro evitou comentar a viabilidade da implantação da política de tarifa zero para transporte público no país, afirmando que está à espera de estudos em elaboração pela equipe do Ministério da Fazenda. Ele defendeu, no entanto, a necessidade de subsídios públicos, em ação combinada entre União, estados e municípios, para evitar que o passageiro arque com todo o custo da operação.

“O modelo de pagamento da despesa pelo usuário não fica mais de pé. Esse modelo está ultrapassado e todos os entes da federação precisam se debruçar sobre solução compartilhada”, afirmou.

Embora admita a complexidade do problema, inclusive por conta da dimensão do país e suas diferenças regionais, Jáder Filho afirma que o debate é urgente.

Durante o café, o ministro afirmou que pretende concorrer ao cargo de deputado federal pelo MDB do Pará, no ano que vem. Sua intenção é deixar o governo em março.