SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um estudo realizado pela Câmara Brasileira do Livro pela primeira vez mostra que o mercado editorial gera 70 mil empregos diretos no país e tem cerca de 54 mil empresas registradas na cadeia de produção do livro, entre editoras, livrarias, distribuidoras e gráficas.
De 2024 para 2025, foram criadas 3.000 empresas novas, enquanto os empregos ficaram estáveis, com oscilação de 1% nos últimos três anos. É algo que fica mais fácil de entender quando se nota que 83% dos CNPJs são microempresas e 59% das empresas são compostas por apenas uma pessoa.
Nos últimos anos, 5.608 estabelecimentos foram responsáveis pela publicação de novos livros no Brasil, valor que é calculado pela emissão de ISBNs, espécie de número de identidade desse tipo de material, emitido pela CBL.
O levantamento foi feito em parceria com a Analytics Valuation Reporting Insights, que cruzou dados de bases oficiais de entidades públicas como a Receita Federal, o Ministério do Trabalho e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A iniciativa tem relevância ao fazer um retrato raro e amplo de como se organiza um setor que muitas vezes carece de dados para embasar políticas públicas.
A CBL é a entidade que congrega e representa todos os braços do mercado editorial no país, responsável por organizar eventos importantes como o prêmio Jabuti e a Bienal do Livro de São Paulo.
Sevani Matos, presidente da instituição, afirma que o estudo permite “enxergar com clareza a dimensão e a diversidade do setor editorial e livreiro no Brasil”, algo “fundamental para planejarmos o futuro do mercado do livro no Brasil”.
“Vemos um cenário consistente: um setor que gera 70 mil empregos diretos, com forte presença de micro e pequenos negócios, muitos deles empresários individuais, que representam a base da nossa cadeia produtiva. Também observamos uma distribuição regional que demonstra a capilaridade do livro no país, alcançando quase 2.500 municípios.”
Chama atenção, por exemplo, que o comércio varejista de livros, braço do setor que mais gera empregos, esteja tão concentrado na região Sudeste, onde ficam 56% de seus 27 mil empregados. O comércio por atacado também tem mais de 60% de seus empregos na mesma região.
O setor de edição de livros tem o maior número de estabelecimentos, já que é composto de 77% de empreendedores individuais. Destes, 65% estão no Sudeste, 18% no Sul, 10% no Nordeste, 6% no Centro-Oeste e 2% no Norte.
Já as empresas com maior capacidade empregatícia são as de impressão de livros, que costumam ter porte maior -dois terços desses empregos também ficam sediados nos estados do Sudeste.
Os dados devem ser mais bem estrinchados a partir desta terça, quando o Instituto Pró-Livro realiza o Seminário Retratos da Leitura no Brasil no Itaú Cultural, em São Paulo.



