SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para resolver esse enigma, só com reza mesmo. No terceiro capítulo da franquia “Knives Out”, que começou com “Entre Facas e Segredos”, o detetive charmoso Benoit Blanc, vivido por Daniel Craig, é invocado para descobrir quem matou o sacerdote de uma igrejinha no interior dos Estados Unidos.

Lá, ele vai descobrir, reina a hipocrisia —o padre, nada gente boa, manipula seus fiéis, que, por sua vez, também não são confiáveis.

“Vivo ou Morto”, lançado nos cinemas em novembro e na Netflix nesta sexta-feira (12), segue sob direção de Rian Johnson, o criador dessa franquia à lá Agatha Christie. Como nos filmes anteriores, ele escolhe atacar um tema que considera atual, e urgente, o fanatismo religioso.

Para calibrar a acidez, Johnson encharcou o texto de bom-humor, e cria situações mórbidas mas engraçadas ao longo da trama. Fazer isso é o melhor jeito de enviar as críticas ao público sem soar enfadonho nem professoral, afirma em entrevista Daniel Craig, que dá cara à franquia, o único ator a aparecer no centro dos três filmes.

Em “Entre Facas e Segredos”, de 2019, seu detetive fuçava uma família da elite branca americana. Já em “Glass Onion”, de 2022, ele satirizou os privilégios dos ricaços. Agora, de cabelo mais comprido, Benoit viaja até a igrejinha para conhecer de perto os podres daquela comunidade.

O desejo de filmar os males do fanatismo parte de uma relação complicada que Johnson, o cineasta, teve com sua própria religião, ele conta. Crer em Cristo costumava ser fundamental em sua vida até seus 20 anos, mas hoje, aos 51, ele diz ter criado sentimentos complexos sobre fé ao vê-la usada para a manipulação de pessoas.

Apesar disso, o diretor ainda vê um lado abençoado nessa história toda, que no filme é encarnada pelo padre vivido pelo ator Josh O’Connor, cada vez mais querido em Hollywood. Inocente e impulsivo, ele soca uma pessoa, e vai se desculpar com Deus estudando a liturgia. Nisso, se torna pupilo do sacerdote que acaba morto no meio da história.

Estão no elenco ainda Glenn Close, Josh Brolin e Andrew Scott. É praxe dessa franquia reunir seitas de importantes atores —nos capítulos anteriores, Johnson escalou, por exemplo, Jamie Lee Curtis, Chris Evans e Hugh Grant.

“Somos abençoados porque às vezes não funciona juntar esse monte de personalidades. Mas parece que querem mesmo investir, então estamos nos dando bem até agora”, diz Craig, sugerindo que há abertura para um quarto filme.

Questionado sobre o esmero de ser esse tipo de astro, tendo feito o agente James Bond na saga “007”, Craig faz pouco caso, e diz que não se vê com essa pompa toda. É um homem modesto, nada como seu detetive, que insiste ser um dos detetives mais espertos do plano terrestre. Só falta ele pedir amém por onde passa.

KNIVES OUT: VIVO OU MORTO

– Quando 12 de dezembro

– Onde Netflix

– Elenco Daniel Craig, Josh O’ Connor e Glenn Close

– Produção EUA, 2025

– Direção Rian Johnson