BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um grupo de soldados do Benin, no oeste da África, anunciou na rede de televisão nacional que havia tomado o poder neste domingo (7).

Logo em seguida, o ministro do Interior, Alassane Seidou, afirmou em pronunciamento também pela TV que “um pequeno grupo de soldados lançou um motim com o objetivo de desestabilizar o país e suas instituições”, e que a situação estava sob controle. A União Africana condenou a tentativa de golpe e pediu respeito à Constituição do país.

Pelo menos oito soldados apareceram na transmissão da televisão estatal para anunciar que um comitê militar liderado pelo coronel Tigri Pascal havia assumido o poder e estava dissolvendo as instituições nacionais, suspendendo a Constituição e fechando as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas.

“O Exército se compromete solenemente a dar ao povo beninês a esperança de uma era verdadeiramente nova, em que fraternidade, justiça e trabalho prevalecem”, disse o grupo, em uma declaração lida por um dos soldados.

Tiros puderam ser ouvidos em vários bairros de Cotonou, a maior cidade e centro econômico do país. A embaixada da França, antigo poder colonial no país africano, disse em perfil no Facebook que tiros foram relatados perto da residência do presidente Patrice Talon em Cotonou e pediu aos cidadãos que permanecessem em casa.

Cerca de 12 horas após a tentativa de quartelada, Talon fez pronunciamento na televisão, no qual afirmou que a rápida mobilização de forças leais ao governo conseguiu “impediu aventuras”. “Esta traição não passará impunemente”, afirmou o presidente.

Wilfried Leandre Houngbedji, um porta-voz do governo, afirmou que 14 pessoas foram presas em conexão com a tentativa de golpe, sem fornecer mais detalhes.

A tentativa de golpe ocorre enquanto o Benin se prepara para uma eleição presidencial, em abril, que marcaria o fim do mandato de Talon, no poder desde 2016.

A coalizão governista havia nomeado o ministro das Finanças Romuald Wadagni como seu candidato, posicionando um homem visto como arquiteto das políticas econômicas do país para continuar a atual agenda de reformas da gestão.

A decisão de Talon de se afastar após dois mandatos é movimento raro movimento na região, onde as normas democráticas estão há anos sob pressão, com poucas exceções de países que mantêm regularidade eleitoral e institucional -a ação no Benin ocorre após um golpe na Guiné-Bissau no mês passado que marcou o nono do tipo na África Ocidental e Central desde 2020.

O Ministro das Relações Exteriores, Olushegun Adjadi Bakari, afirmou à agência Reuters antes do pronunciamento do ministro do Interior que “um pequeno grupo” de soldados havia tentado derrubar o governo, mas que forças leais a Talon trabalhavam para restaurar a ordem.

“Há uma tentativa, mas a situação está sob controle. Uma grande parte do Exército ainda é leal e estamos assumindo o controle da situação”, disse Bakari.

Ele afirmou que os soldados que tentaram o golpe só obtiveram controle da TV estatal, cujo sinal foi cortado mais tarde na manhã de domingo, e em seguida restabelecido para o pronunciamento do ministro do Interior.

Em sua declaração na TV, os soldados mencionaram a deterioração da situação de segurança no norte do Benin “juntamente com o desrespeito e negligência para com nossos irmãos de armas caídos.”

Talon tem recebido crédito por reviver o crescimento econômico do país, que por outro lado também tem visto um aumento de ataques jihadistas, comuns em países da região como os vizinhos Nigéria e Burkina Faso, além de Mali e Níger, entre outros.

Em abril, o governo do Benin disse que 54 soldados foram mortos em um ataque no norte do país realizado por um grupo afiliado da Al-Qaeda.

No mês passado, o Benin adotou uma nova Constituição, que estendeu o mandato presidencial de cinco para sete anos, no que os críticos chamaram de uma tomada de poder pela coalizão governista.