SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira madrugada de teste da operação 24 horas do metrô de São Paulo, neste domingo (7), agradou quem estava acostumado a embarcar em ônibus e carros de apps de transporte para se deslocar pela cidade. As estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha receberam quem saía de shows, baladas e muitos trabalhadores.
A linha 3-vermelha era a mais cheia e havia até passageiros em pé nos vagões. “Trabalho todo sábado até tarde e agora não vou precisar me preocupar mais com o horário”, disse Priscila Rosa, 40, funcionária do Allianz Parque, que neste sábado teve um show do cantor Gusttavo Lima.
Outro evento que contribuiu para aumentar a ocupação das estações foi o Festival do Matiz, no viaduto do Chá, na região central. A estagiária de moda Maria Clara Assis, 24, seu namorado, João Almeida, 24, e o amigo Stefano Remondi, 25, estavam no show e optaram pelo metrô para voltar para casa.
“Uso transporte público todo dia para trabalhar, mas nunca tinha feito isso de madrugada, depois de uma festa”, contou Maria Clara. “Nós pagaríamos um Uber com dor no bolso, pois ficaria muito caro”, completou
Normalmente, o metrô interrompe a operação entre meia-noite e 4h40. Com o teste, passa a ofertar trens com intervalos entre 20 e 30 minutos nesse horário. Acostumada a usar ônibus para voltar do trabalho, a promotora de eventos Suelen Correia, 31, fazia as contas do tempo que economizaria ao se deslocar entre as estações Anhangabaú ao Tatuapé.
“Vou gastar uma hora a menos para chegar em casa”, disse. “Trabalho aqui no centro e costumo pegar um ônibus até o parque Dom Pedro 2º e depois outro até meu bairro, o que demora duas horas.”
A partir das 2h30, a reportagem identificou que o intervalor entre os trens nas linhas 1-azul e 2-verde chegou a 35 minutos, o que não impactou o serviço. “Para mim, hoje foi perfeito”, afirmou o segurança Carlos Alberto Lima, 55. “Estou voltando do trabalho e calhou de começar a operação 24 horas. Vou chegar rápido na minha casa, na Vila Matilde, e não vou gastar com Uber”.
A linha 15-prata também funcionou durante a madrugada deste domingo, mas com ônibus do sistema Paese. O monotrilho vai operar a partir da próxima semana, segundo o Metrô.
As bilheterias das estações ficaram fechadas e para comprar passagens era necessário usar máquinas de autoatendimento, carteira Google, WhatsApp ou cartões de débito e crédito, já aceitos nas linhas 1-azul e 3-vermelha. Os testes devem prosseguir até fevereiro de 2026.
Jovens são maioria
O perfil dos usuários vai mudando conforme avança a madrugada. Entre meia-noite e 1h, há muitos trabalhadores e pessoas um pouco mais velhas. Após as 2h, chega o pessoal do rolê e os jovens dominam.
As amigas Íris Mizan, 23, e Juliana Bicudo, 22, resolveram testar o novo serviço. “Pegamos as três linhas. Fomos ao bar Moela, na Santa Cecília, perto da vermelha, fizemos a conexão com a azul, na Sé, e seguimos até o Paraíso, onde mudamos para a verde e estamos indo para casa, na Vila Madalena”, disse Íris, que é cientista social. “Achamos que os trens estavam bem cheios, principalmente os da vermelha, e os intervalos nos pareceram razoáveis.”
Algumas pessoas criticaram, no entanto, o fato de toda a rede sob trilhos não funcionar na madrugada. “Gostei muito da iniciativa, é uma maravilha”, afirmou a advogada Clara Motta, 29, que voltava de uma festa na Lapa e se dirigia para sua casa em Santana, pela linha 1-azul. “Mas acho que o serviço podia funcionar também na linha 4-amarela e até na CPTM.”
As linhas 4-amarela e a 5-lilás são administradas pela iniciativa privada e, por enquanto, manterão a operação rotineira.
Às 3h os estudantes de geografia Calil Akira, 20, Isabela Navickas, 19, e João Cabral, 23, embarcavam no metrô depois de passearem por vários bares da rua Augusta.
“O metrô nesse horário ajuda a vida noturna, a enriquece e a torna mais acessível e segura para as pessoas”, afirmou Akira. “Sinto mais segurança no transporte coletivo do que em qualquer aplicativo”, complementou Isabela.



