SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com 60 anos recém-completos, Ana Paula Padrão está entrando em sua nova fase de vida como um “vetor de alegria”. No último fim de semana, comemorou a chegada à nova década de vida com um festão, com muita música, amigos de todas as idades e um clima totalmente “good vibes”, conta, em entrevista ao F5.
Além da nova idade, Ana Paula celebra um novo momento na carreira. Há um ano, ela deixou os estúdios da Band, onde apresentou por dez anos o MasterChef Brasil, para se tornar CEO de sua própria empresa: a Conquer Unna, uma escola de formação para mulheres empreendedoras que oferece desde cursos, palestras, workshops a mentorias individuais para impulsionar mulheres que querem empreender ou crescer no mercado.
Um ano depois, a decisão tem rendido bons frutos. À frente da Unna, Ana Paula se diz animada para o próximo ano de trabalho, em que poderá se dedicar melhor ao conteúdo dos projetos de mentoria. O primeiro ano, explica ela, foi de colocar a empresa de pé.
“Esse primeiro ano foi um trabalho de backoff, que é o menos interessante para mim. Gosto de me dedicar às entregas, bolar as mentorias e palestras, estar mais próxima das minhas clientes e entregar tudo o que acumulei ao longo dos meus estudos de comportamento feminino nos últimos 25 anos”, diz.
“Mas empreender é difícil, a gente só empreende porque esquece como foi difícil da primeira vez”, completa, bem-humorada.
CONFIANÇA É A CHAVE
Com o objetivo principal de formar mulheres para a liderança, a Unna é procurada por clientes que já ocupam cargos de gestão, mas que ainda não conseguiram chegar ao C-level.
“Identificamos o que cada uma precisa para ser um indivíduo mais seguro, confiante e autônomo. Homens são socializados para o sucesso e mulheres são socializadas para a modéstia. Então ela tem que aprender como ser ambiciosa. A ambição é uma qualidade tida como natural para os homens, mas pejorativa para as mulheres”, explica.
Para chegar ao método final da Unna, Ana Paula e suas parceiras de empresa –todas mulheres– criaram cinco pilares principais, cada um com programas específicos. “Desenvolvemos uma metodologia político-pedagógica com ferramentas de liderança, mas também com repertório para que elas se qualifiquem no trabalho e se tornem indivíduos mais confiantes”, diz.
Essa confiança, diz ela, é a chave principal para uma mulher se desenvolver em um mundo corporativo para o qual ela não foi preparada. “São ferramentas para masterizar a liderança, encontros presenciais, desenvolvimento da autoestima, segurança… Tem programas que são puramente inspiracionais, onde ela pode ver exemplos de outras mulheres”, conta.
CLUBE DA ANA
A escola oferece desde mentorias individuais com a própria CEO até worshops imersivos de dois dias com 12 horas de duração cada. “É muito intenso, elas saem com a cabeça bem modificada”, diz Ana.
“Eu entrego um networking pronto para ela. É o clube da Ana”, diz. “A mulher não tem tempo de fazer networking. A gente não é socializada para isso. A gente aprende que é melhor aceita quanto mais for quieta, cordata, cuidadora dos outros”, diz. “Homens são mais aceitos quanto mais ambiciosos, valentes, corajosos eles forem”, explica.
O desenvolvimento dessa comunidade e da autoestima, ou, como ela diz, “a reputação de você com você mesma” estão entre os pilares essenciais das palestras e mentorias. “A gente não nasce com o DNA da modéstia, isso é ensinado. Somos ensinadas a não desenvolver a ambição. O que ensinamos nas mentorias é o processo de reaprender, superar a síndrome da impostora. Gostaria que as mulheres fossem menos modestas. Eu não sou uma mulher modesta”, diz.
NADA MODESTA
“Acho que a principal característica da velhice”, diz Ana, rindo de si mesma: “Eu sei, é estranho falar”, se diverte. “Mas a principal característica da velhice é que estou tendo vontade de entregar de volta para o mundo, de devolver o que tem dentro de mim. Foram 30 anos de jornalismo e eu sempre fui muito curiosa, sempre tive sede de estudar, adquirir conhecimento. Agora me deu esse siricutico de devolver ao mundo o que aprendi”, diz.
“Estou gostando de ficar velha. Achei que seria pior. Quando eu pensava nos 60, eles soavam assustadores, mas agora não estou achando assustador. Estou achando bonito”, completa.
Quanto aos cuidados com a saúde, ela está mais confiante que nunca. Treina diariamente e ainda tem energia para curtir um festão de aniversário como o que deu no final de semana passado. “Fazia tempo que não dava um festão. Esse ano foi uma festa linda, muito ‘good vibes’, tinha gente de 78 e de 18. Me senti um vetor de alegria para todo mundo que estava lá e é assim que tenho me sentido”, conta.
“Meu corpo tem muita energia, reage muito bem, não tenho nenhum problema de saúde. Me olho no espelho e não vejo uma velhinha”, diz. “Ainda não tive coragem de pegar a plaquinha [do idoso] para botar no carro”, brinca.
Além do bíceps e do abdome, ela está em dia com “o músculo da certeza, da presença, da coragem, o músculo da autoestima”, diz. E agora, quer virar uma espécie de personal trainer. “Estar próxima de mulheres e dizer: ‘É mais fácil do que você pensa, é mais suave do que você pensa.’ É isso o que quero fazer agora”, diz.
“Este ano, trabalho até o dia 22. O mercado está bem quente”, diz ela. “Se der tempo, fico uns dias na praia”, afirma, rindo.



