SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O nascimento da Praça da Moça Café aconteceu em um dos piores momentos da vida do casal de executivos Diego e Tayla Sousa Neves.

À beira do burnout, no meio da pandemia da Covid-19 e se recuperando de um acidente de moto, eles decidiram que algo tinha de mudar.

“O que você quer fazer?”, perguntou Diego. “Empreender?”

“Só se for com café”, respondeu Tayla.

O diálogo aconteceu no final de 2020, e a primeira loja foi aberta em 2021, em Diadema, na região do ABCD paulista. Quatro anos depois, a Praça da Moça se tornou uma franquia com 30 unidades em três estados e prestes a chegar a mais dois. Projetam chegar a 43 nos próximos meses e 75 no final de 2026.

A escolha pelo café foi por associação afetiva. Nenhum dos dois tinha qualquer experiência prévia com a bebida, a não ser como consumidores. Mas a vida deles acontecia em cafeterias. Reuniões de trabalho, encontros com clientes ou momentos para relaxar. Pareceu natural buscar esse caminho.

“A gente estava acostumado a beber café. Mas era café ruim”, brinca Diego.

O casal trabalhava na subsidiária brasileira da multinacional espanhola Telefónica, dona da Vivo. Diego coordenava departamento de experiência do cliente. Tayla estava na área de desenvolvimento de produtos.

Eles afirmam ter pesquisado tudo o que havia disponível sobre o mercado de café. Fizeram curso de barista e treinamentos. Acharam que o caminho poderia ser a franquia de alguma marca famosa. Conversaram com várias. Nenhuma os satisfez. Consideraram o modelo amarrado demais a conceitos que não funcionariam em todos os lugares.

Eles queriam criar algo do zero e fazer algo que lhes fizesse sentido.

“Por experiência própria, a gente sabia que as pessoas do mundo corporativo gostam de ir à cafeteria com um notebook para trabalhar, às vezes o dia inteiro. Foi daí que nasceu a ideia de ter um estilo diferente, que fosse nosso”, diz Tayla.

O nome nasceu quando estavam na Praça da Moça, no Jardim do Parque, em Diadema, cidade da família de Tayla. Começaram a trocar ideias de como chamar o empreendimento. Nenhuma sugestão agradava aos dois.

“Eu disse que a nossa cafeteria tinha de reproduzir aquela sensação de pessoas à vontade, relaxadas, onde pudessem passar horas de lazer”, completa ela.

O conceito passou a ser replicar um ambiente como o de uma praça. Dizem que utilizaram a teoria do terceiro lugar, criada pelo sociólogo norte-americano Ray Oldenburg. A ideia é que a vida equilibrada tem de ter a casa, o trabalho e um outro local escolhido para socializar e gastar horas informais.

“A gente quer ser esse terceiro lugar”, concorda Diego.

O café é do tipo especial. A tipificação foi criada pela SCA (Specialty Coffee Association) na tabela de classificação da bebida. Tem uma nota superior a 80 em uma escala de 0 a 100. As xícaras são anatômicas, feitas de maneira artesanal. O café pode ser servido em taça, para reproduzir a experiência do vinho. A tábua para servir é de madeira, em formato de coração.

Depois de abrirem cinco unidades, começaram a ouvir perguntas se eram franquias.

“A gente respondia que não, até que resolvemos dizer que sim. Se as pessoas estavam perguntando, é porque havia demanda. Viramos franqueadores antes mesmo de ter a franquia formada. Começamos a ir atrás da documentação”, completa ele.

Cada franquia da Praça da Moça custa de R$ 170 mil a R$ 219 mil dependendo da localização, se é quiosque ou loja.

O casal fez parceria com o Carrefour para instalação de lojas. Além da linha de café próprio, criaram a marca de geleia e vão lançar panetones. Estão no espaço de coworking do Allianz Parque, estádio do Palmeiras. Há projeto para unidades também no Parque São Jorge, sede do Corinthians, e na Neo Química Arena. Também estão em shopping centers.

Depois de virarem franqueadores, afirmam não querer ser o modelo que encontraram quando pensavam em comprar uma franquia.

“Uma loja nossa não é igual à outra. O franqueado tem liberdade para mudar algumas coisas. E temos produtos que nasceram de sugestão e observação deles. Como almoços congelados e massas no almoço, por exemplo. A gente acha que o relacionamento franqueado-franqueador é um casamento”, lembra Tayla.

Os contratos são, inicialmente, de cinco anos. Eles dizem que também analisam o perfil do interessado para decidir se combina com o papel de dono de uma franquia da rede.

O próximo passo será comprar a fazenda em Carmo da Cachoeira, em Minas Gerais, o principal fornecedor de café da rede. Afirmam estarem negociando com produtores do local.

“A gente quer controlar todas as pontas do negócio. Já fazemos a torrefação, distribuição, venda… Falta plantar o nosso próprio café”, finaliza Diego.

Raio-X – Praça da Moça

Criação: 2021

Cidade de origem: Diadema-SP

Unidades: 30 (em franquia)

Valor de cada franquia: Entre R$ 170 mil e R$ 219 mil

Principais concorrentes (em franquias de cafés): Fran’s Café, Havanna, Casa Bauducco e Rei do Mate