Uma apresentação feita no congresso anual da Sociedade Radiológica da América do Norte trouxe um alerta importante: o acúmulo de gordura abdominal provoca mudanças no coração mais intensas do que o excesso de peso indicado pelo IMC. A conclusão veio após a análise de 2.244 adultos, entre 46 e 78 anos, todos sem histórico de doenças cardíacas. O estudo reforça que a famosa “barriga de chopp” não é apenas estética, mas um marcador real de risco cardiovascular.
Os voluntários foram submetidos a ressonâncias magnéticas do coração e a medições corporais detalhadas, incluindo IMC e proporção cintura-quadril. As imagens confirmaram algo já esperado na medicina: pessoas com IMC elevado tendem a apresentar um coração maior, com aumento no volume dos ventrículos.
A surpresa apareceu quando os pesquisadores focaram apenas na gordura localizada na região abdominal. Nesse caso, o coração não só aumentou a massa dos ventrículos, como também não expandiu a capacidade interna do órgão. Ou seja, o músculo cardíaco ficou mais espesso, mas sem ganhar espaço suficiente para acomodar o sangue. Esse desequilíbrio reduz a eficiência do bombeamento e compromete o relaxamento entre os batimentos, abrindo caminho para quadros de insuficiência cardíaca.
Homens sentem mais os impactos
O levantamento também encontrou uma diferença marcante entre os sexos. Nos homens, a gordura visceral teve efeito ainda mais forte na estrutura do coração, especialmente no ventrículo direito, responsável por enviar sangue aos pulmões. Nas mulheres, as alterações foram mais discretas — mas passaram a crescer após a menopausa, período em que a queda do estrogênio facilita o acúmulo de gordura abdominal e eleva os riscos cardíacos.
Esse padrão faz com que, principalmente entre o público masculino, o aumento da circunferência abdominal esteja ligado a problemas respiratórios e à pressão pulmonar alterada.
Por que esse dado é tão relevante
O estudo reforça que medir apenas o peso total não conta toda a história. O IMC avalia a relação entre altura e peso, mas não mostra onde a gordura está localizada. Já a gordura visceral, que se concentra na barriga, está diretamente associada a mudanças estruturais no coração — e, portanto, a riscos maiores.
Com o avanço da obesidade abdominal no mundo, especialistas lembram que monitorar a circunferência da cintura é uma atitude crucial, sobretudo para homens de meia-idade e idosos. A mensagem dos cientistas é simples: quando o assunto é coração, a região da barriga pode revelar mais do que a balança.






